09/08/2000 - 10:00
Pouco a pouco vamos conhecendo nossos vizinhos. Na semana passada, cientistas reunidos na conferência da União Astronômica Internacional, em Manchester, na Inglaterra, anunciaram a descoberta de mais nove planetas fora do sistema solar. Com isso, já são 50 os chamados exoplanetas conhecidos – o primeiro foi descoberto há apenas cinco anos.
Uma das grandes novidades é o segundo sistema multiplanetário. Antes os cientistas só conheciam uma estrela, a Upsilon Andromedae, que tem mais de um planeta em sua volta. O novo sistema é formado por dois astros que orbitam a estrela HD 83443, a 141 anos-luz da Terra. Outra boa nova foi a detecção de um planeta em volta da estrela Epsilon Eridani, a cerca de 10 anos-luz de nós. "É como achar um planeta no nosso próprio quintal", diz o astrônomo William Cochran, da Universidade do Texas.
O próximo desafio dos astrônomos é conseguir enxergar os exoplanetas. Como não têm luz própria, eles são ofuscados pelas estrelas. Os cientistas os localizam por meio da luz emitida pela estrela que orbitam – a força gravitacional dos planetas causa oscilações na luminosidade estelar, que podem ser detectadas por meio de aparelhos na Terra.
A maior meta dos astrônomos, porém, está longe de ser cumprida: encontrar um planeta que, como a Terra, reúna condições que propiciem o surgimento de vida. Tudo indica que os planetas que já foram encontrados não sejam habitáveis como o nosso. Quase a totalidade deles tem órbitas elípticas. Por isso, alternam períodos muito próximos às estrelas, mais quentes, e períodos em que estão mais afastados das mesmas, ou seja, o frio aumenta.
A Terra, diferentemente dos exoplanetas, possui uma órbita circular, que permite um ambiente muito mais estável, sem extremos de frio e calor. "A arquitetura de nosso Sistema Solar pode ser anormal", diz o astrônomo Geoff Marcy, da universidade de Berkeley e um exímio caçador de planetas. "Uma de nossas maiores questões é se nosso sistema solar é uma raridade. Pode ser que a vida só seja possível aqui por causa da órbita circular", completa. Para chegar a uma resposta, temos ainda que conhecer muito mais planetas vizinhos, aparentemente não tão amigáveis quanto a Terra.