É difícil encontrar alguém, em sã consciência, capaz de recusar uma “bella pasta asciutta” – a macarronada clássica, condimentada apenas com molho de tomates, tão celebrada pelos italianos. Barato, composto essencialmente de água e farinha e fácil de preparar, o macarrão tornou-se um dos pratos mais populares do planeta. A tese mais difundida sobre sua origem afirma tratar-se de uma invenção chinesa levada para a Itália pelo mercador veneziano Marco Polo, no século XIII. Mas a teoria pode se revelar tão oca quanto um canelone sem recheio. Dezesseis anos antes do retorno de Marco Polo à terra natal, a massa já aparecia no inventário de bens de um soldado genovês descrita como macaronis, que deriva do grego makar (sagrado). Outra teoria é que ele já existia na Ásia Central no ano 100 a.C e teria sido apresentada aos italianos em 400 d.C pelos ostrogodos, povo da germânia que invadiu o império romano do oriente e do ocidente entre os séculos III e V.

A história do macarrão, temperada com 61 criativas receitas (15 entradas, 31 pratos principais e 15 sobremesas), faz parte do livro Macarrão gourmet fashion (editora Record) – leitura obrigatória para os apreciadores de massas e editado pela Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima). Se a pasta não foi lançada pela Itália, o livro concede-lhe, mesmo assim, a justa cidadania italiana. Foram os italianos os maiores difusores da iguaria pelo mundo. São também os maiores consumidores, refestelando-se com 28,2 kg de massa ao ano por pessoa. Os brasileiros aparecem como 12º do ranking, com um consumo anual de 5,8 kg por pessoa. “Ainda existe o mito no Brasil de que macarrão todo dia enjoa e é prato para comer aos domingos com a família”, observa o coordenador de marketing da Abima, Alexandre Rodrigues.

Dos eventos gastronômicos que realiza há três anos, a Abima selecionou receitas de 35 chefs de todo o País para provar que o prato pode ser degustado sem medo, da entrada à sobremesa. E sem culpa. O livro afirma que o macarrão não é o vilão das dietas. Cem gramas de um fettuccine com molho de azeitonas, por exemplo, tem 103 calorias, 17 a menos que um bifinho. Também é rico em carboidratos, vitaminas do complexo B (auxiliam no funcionamento do sistema nervoso, combatem a fraqueza muscular e o inchaço do período pré-menstrual) e E (previne o envelhecimento precoce). Se convenceu, atire-se às receitas engenhosas. Mas alguns conselhos, ressaltados pelo livro, são fundamentais para uma degustação divina: lavar o macarrão depois de cozido é um ultraje, assim como quebrar o espaguete para fazer caber na panela. Gotas de óleo adicionadas à água, ao contrário do que se imagina, não ajudam a soltar o macarrão. É preciso, sim, água fervente abundante e um garfo de cabo longo para soltá-lo delicadamente aos poucos. Sirva com um bom vinho e buono appetito!