11/04/2001 - 10:00
A dançarina Joana Prado, na pele de Feiticeira, já anunciou que ter um corpo bem moldado não depende de mágica, e sim de tecnologia. Os seus contornos foram definidos à custa de muita malhação. Mas quando não faz exercícios, ela usa um cinto equipado com eletrodos e recebe choquinhos nas pernas e no bumbum. As descargas elétricas não chegam a ser uma tortura medieval. No entanto, não representam o milagre que milhares de pessoas sem disposição para o fitness pedem aos céus.
O cinto utilizado por Joana (Elysée Belt, da importadora Brazil Connection), é classificado pelo Ministério da Saúde como aparelho de ginástica passiva. É um acessório de fitness porque os estímulos elétricos do equipamento realmente contraem e enrijecem os músculos. Porém, ele só oferece benefícios se for adotado para auxiliar a malhação regular. A própria Joana Prado conta que usa o Elysée Belt (preço a partir de R$ 317) para complementar seus exercícios. “Não adianta usar o cinto e ficar sentada, se entupindo de comida”, alerta. E se alguém pensou em perder peso na base dos choquinhos, esqueça. “Não dá para emagrecer com o cinto”, avisa Mário Cohn, diretor-presidente da Brazil Connection.
O fisioterapeuta Maurício Garcia, da Universidade Federal de São Paulo, confirma a eficácia parcial dos aparelhos.“Se a pessoa não fizer ginástica, a carruagem vira abóbora rapidinho”, diz. Ele explica que cada músculo se “comunica” com o cérebro por meio de um canal chamado fuso neuromuscular. É por esse caminho que as contrações musculares são disparadas. Na malhação tradicional, toda essa comunicação é acionada, fazendo com que a musculatura se beneficie integralmente. Na ginástica passiva, a ação é local e os ganhos são superficiais. “Se a pessoa inativa largar o aparelho, em dois dias ela perde o tônus muscular adquirido”, afirma Garcia. Marlise Mendes, da Compex do Brasil, que comercializa o Compex Fitness (R$ 1,8 mil), outro aparelho do gênero, garante que, se o usuário deixar de usar o cinto, a perda de massa muscular será semelhante à de quem deixou de malhar.
Em geral, os aparelhos aplicam choques de 30 mini-ampères. Devem ser feitas 20 sessões (que variam entre 15 e 30 minutos). Depois, é preciso usar o equipamento uma vez por semana. É o que faz a veterinária Luciana Arcangelli, 29 anos. Ela utiliza o Compex Fitness nas coxas e no abdome. Mãe de dois filhos, Luciana diz que os choquinhos foram úteis para recuperar a forma após a segunda gravidez. “A combinação com exercícios me ajudou. Se fizesse só ginástica, demoraria mais para fortalecer a musculatura”, conclui.