13/10/1999 - 10:00
Vovó Pan Am era chave no esquema que o tráfico havia montado para abastecer o mercado de cocaína. Dava cobertura aos desembarques no aeroporto de Guarulhos. A cocaína era trazida por tripulantes de aviões da Pan Am, num caso que ficou famoso em 1989. A “vovó” era o então delegado de Polícia Federal Joaquim Trolezi Veiga. Toda a quadrilha foi presa e condenada, à exceção dele, que não passou uma noite sequer na cadeia, apesar de ter sido exonerado da PF e sentenciado a seis anos de reclusão em regime fechado. O Supe-rior Tribunal de Justiça (STJ) e a CPI do Judiciário receberam denúncia do advogado Jorge de Matos Ramos contando o caso de Veiga, que está prestes a livrar-se de qualquer ônus judicial e até mesmo retornar aos quadros do DPF, isto porque a sua pena prescreve em novembro próximo.
A denúncia revela que Veiga entrou com recurso especial junto ao STJ, “onde os autos permaneceram retidos nas mãos do ministro Anselmo Santiago (já aposentado) – amigo íntimo do ex-delegado – por mais de dois anos e meio”. O denunciante sugere que “fácil será a verificação da relação de amizade entre o ministro Santiago e o ex-delegado Veiga, através da quebra do sigilo bancário e telefônico de ambos” – diz a denúncia.
O ex-ministro Santiago disse a ISTOÉ que o que ocorreu foi “excesso de trabalho que avassala o judiciário brasileiro”. E negou que tivesse relações de amizade com o ex-delegado. Veiga, por seu turno, advoga em São Paulo, com conhecimento da OAB local e frequenta as dependências da PF.