Oficiais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ouvidos por ISTOÉ acham as denúncias graves e acreditam que a permanência no cargo de um chefe acusado de ter ligações com traficantes de droga e grupos de extermínio cria um sério constrangimento à segurança nacional e à política de combate ao narcotráfico. Alguns desses oficiais da ativa, que não podem se identificar para não serem presos, defendem o afastamento de Élcio até uma apuração rigorosa do caso. Os militares não acham que o episódio coloque em xeque a implantação do Ministério da Defesa ou resulte em uma crise militar.

O coronel da reserva Amerino Raposo, diretor do Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, acha que o ministro está sob suspeita e seu afastamento até o fim das investigações seria a melhor solução para a imagem das Forças Armadas e do próprio ministro. “Esse problema todo constrange os militares”, disse o ex-subchefe do Emfa, brigadeiro Álvaro Soares Dutra. Ex-integrante da Junta Interamericana de Defesa, o brigadeiro Eden Asvolinsque acha que “a falta de uma investigação efetiva seria um péssimo exemplo para o pessoal de baixo”.

Na Câmara, a CPI do Narcotráfico decidiu entrar no assunto: vai ouvir o delegado Francisco Badenes Júnior, que incluiu Élcio no organograma do crime no Espírito Santo. O presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), disse que “a sociedade brasileira e a comunidade internacional não podem ficar em dúvida de que à frente do Ministério da Defesa não tenha alguém à altura do cargo”. O senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), líder do governo no Congresso, defendeu o ministro, mas cobrou: “O governo terá de deixar claro se há alguma coisa que possa macular a imagem do ministro.” O presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), também pediu uma “resposta cabal” do governo, mas atacou ISTOÉ. “Essa revista tem sido muito frequente nos ataques aos parlamentares e mesmo a cidadãos não-parlamentares.”