24/05/2013 - 20:40
É hora de o Brasil adotar uma nova postura em relação à situação dos 12 torcedores presos na Bolívia. Essa é a opinião do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado, para quem é necessário subir o tom das conversas diante das revelações feitas por ISTOÉ de que a família pediu propina para dar um depoimento favorável aos corintianos presos há mais de três meses. “O governo precisa endurecer nas negociações”, diz o senador, que já esteve em Oruro e irá voltar à cidade em breve. Segundo ele, pelo fato de o País ter assinado um Tratado de Cooperação Jurídica com a Bolívia e de não haver qualquer prova contra os torcedores, eles deveriam responder ao inquérito em liberdade. Na semana passada, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou um requerimento convidando o embaixador boliviano no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, a dar explicações sobre a situação dos torcedores e sobre o pedido de propina.
CONVOCAÇÃO
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), que convidou o embaixador boliviano
a dar explicações sobre o pedido de propina feito pela família do torcedor morto
Na opinião de Ferraço, as autoridades do país vizinho estão, no mínimo, com má vontade, por conta do asilo concedido pela embaixada brasileira ao senador boliviano Roger Pinto. “O caso ganhou dimensão política e diplomática e assim deve ser tratado pelo governo brasileiro”, afirma o senador, que irá cobrar do Ministério da Justiça e do Itamaraty o resultado das visitas dos ministros José Eduardo Cardozo e Antônio Patriota à Bolívia. “Há um clima de chantagem nesse caso. Nitidamente, as autoridades bolivianas queriam prender o senador Roger Pinto. Eles não estão agindo de forma republicana.” Ferraço acredita que essa postura oficial tenha encorajado a cobrança de US$ 220 mil por um depoimento favorável por parte de Jorge Beltrán, tio e advogado do adolescente morto no estádio.
DIPLOMACIA
Os 12 brasileiros estão presos em Oruro há mais de três meses,
mas o Itamaraty prefere manter as conversas com os bolivianos em águas calmas
No Itamaraty, a ordem é manter as conversas na base da diplomacia. O ministro Antônio Patriota não acredita que o caso seja uma retaliação ao asilo concedido pela embaixada brasileira ao senador boliviano Roger Pinto. Assumir essa condição, segundo os parlamentares, seria admitir a responsabilidade do governo no inferno vivido pelos torcedores corintianos na cadeia da Bolívia há 90 dias. A diplomacia brasileira tem evitado o acirramento dos debates e trabalha para que o caso não atrapalhe as relações bilaterais com a Bolívia.