24/05/2013 - 20:40
Tecnologia transitória do final do século XIX, quando a humanidade ainda não sabia como construir aviões, o voo de balão de ar quente passou a ser usado em competições esportivas e como atração turística nas últimas décadas. Em nenhum lugar tornaram-se tão celebrados como na Capadócia, região da Turquia coberta por rochas que lembram uma paisagem lunar e que fizeram a delícia dos espectadores brasileiros da novela “Salve Jorge”. Há 25 anos sobem ao céu da Capadócia, 200 dias por ano, entre 120 e 190 balões a cada 24 horas. Acidentes acontecem, mas são raros.
NO CÉU
O balão acidentado entre os outros quase 200
que decolaram na manhã da segunda-feira 20
Às 6h da segunda-feira 20, ocorreu o segundo acidente fatal no local. Envolveu um grupo de turistas brasileiros que passeava a 1.700 metros de altura e resultou na morte de três aposentadas, Marina Rosas, Maria Luiza Gomes e Ellen Kopelman, amigas do Rio de Janeiro. Outros 19 passageiros ficaram feridos, o que dá uma ideia da dimensão da tragédia ainda não inteiramente esclarecida. As investigações estão em andamento e devem apurar responsabilidades. O cesto de um balão perfurou a abóboda daquele onde estavam os brasileiros e ainda subia. O ar quente vazou, levando a uma queda instantânea. Testemunhas viram os movimentos desesperados do piloto – que fraturou o nariz – para realizar um pouso suave, até que ele perdeu o controle.
Operados por duas dezenas de empresas – a do balão acidentado chama-se Anatolian Balloon –, esses passeios têm uma hora de duração e são parte dos roteiros turísticos da Capadócia. Custam entre R$ 300 e R$ 500 e costumam terminar em clima de celebração, com uma garrafinha de espumante de presente. Há tensão quando os ventos mudam bruscamente, o que não é frequente. Os passageiros são distribuídos pelo cesto de forma a equilibrar o peso e, antes de decolar, recebem um rápido treinamento para a aterrissagem: aprendem a agachar-se segurando uma cordinha presa pelas bordas – e só.
VÍTIMAS
As aposentadas Ellen Kopelman, Marina Rosas
e Maria Luiza Gomes morreram no acidente
Quem está habituado a experiências semelhantes assegura que é uma lembrança inesquecível. Depois de voar em helicópteros, ultraleve, flyboat e parapente, há dois meses o fotógrafo brasileiro Tales Azzi, especialista em turismo, embarcou num balão pela Capadócia. Ele diz que é incomparável em termos de estabilidade, conforto e visual. “Você fica em pé, não tem vidro a sua frente. Não há trepidação e o ambiente é silencioso e relaxante”, diz. Acidentes acontecem e o da semana passada não foi o mais grave. No início do ano, um balão despencou em Luxor, no Egito, e matou seus 19 passageiros. Para o guia de turismo Ali Sait Derindere, nascido e criado na Capadócia, o episódio foi uma fatalidade. “Ninguém deixa de viajar de avião nem de automóvel por causa dos acidentes. O mesmo vai acontecer com os balões.”