Marcelo Moscheta – 1.000, 10.000 anos – Plataforma Atacama/ Galeria Leme, SP/ até 8/6, Hamish Fulton – Atacama 1234567/ Roesler Hotel #22, SP/ até 1/6

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ESCULTURA AO AR LIVRE
Moscheta realiza alinhamento de pedras no deserto do Atacama

Marcelo Moscheta nasceu em Campinas, São Paulo, e se auto-define “um artista viajante que vê o mundo como os românticos do século XIX ou como os grandes exploradores do Ártico”. Em 2011, ele se aproximou de suas referências e passou duas semanas navegando nas águas geladas do Círculo Polar Ártico. Hamish Fulton é britânico e desde 1969 tem desenvolvido uma prática artística que consiste em caminhar. Em 40 anos, realizou expedições na Inglaterra, Escócia, País de Gales, México, Canadá, Tibete, Índia e mais uma dezena de países. Autodefine-se um “walking artist” (artista caminhante). Alexia Tala é curadora. Nasceu no norte do Chile, onde desde pequena interage com as comunidades e as paisagens do deserto do Atacama. Moscheta e Fulton foram convidados por Alexia a andar por vários dias em San Pedro de Atacama e arredores para refletir sobre a vastidão geológica e cultural que compõe o deserto mais árido do mundo. Essa é a proposta da Plataforma Atacama, um projeto artístico iniciado em março de 2012 e ainda em processo.

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ARTISTA CAMINHANTE
Instalação de Hamish Fulton na Galeria Nara Roesler 

Moscheta foi o primeiro viajante do projeto. Fulton viajou em novembro de 2012 para a vila de Machuca, perto da fronteira boliviana, onde iniciou seu “walking project” de 14 dias. Nenhum deles estava interessado em trazer rochas ou ossos para a civilização ou, mais especificamente, para as galerias paulistanas, onde realizam atualmente exposições individuais resultantes de seus processos exploratórios. À primeira vista, Moscheta até parece ter feito isso. Sua instalação “Linha: Tempo: Espaço”, na Galeria Leme, é formada por um acumulado de elementos que parecem ser rochas. São, no entanto, objetos de cerâmica que replicam centenas de vezes uma mesma pedra paleolítica, emprestada da coleção de uma arqueóloga local. O trabalho traduz para o espaço da galeria a ação que o artista realizou in loco, alinhando rochas ao longo do Trópico de Capricórnio, próximo a um caminho inca.

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RASTROS DA VIAGEM
Instalação "Linha: Tempo: Espaço", de Moscheta, na Galeria Leme

A geologia, a geografia, a astronomia e a história orientam o trabalho de Moscheta. Já Hamish Fulton, segundo a curadora Alexia Tala, se relaciona menos com a tradição da land art norte-americana e mais com práticas site-specific (pensadas para um determinado tempo e espaço). “É impossível representar a experiência de caminhar. O que temos aqui é outra coisa”, disse Fulton em conversa na Galeria Nara Roesler, onde apresenta a exposição “Atacama 1234567”.

Em agosto próximo, o terceiro artista a realizar a residência na Plataforma Atacama e a entrar para a sociedade de artistas-exploradores será o brasileiro Caio Reisewitz.