Na esteira do sucesso do Google, o maior portal de buscas, com acesso a mais de 1,3 bilhão de páginas, o grupo lançou produtos bem-sucedidos, como a rede de relacionamentos Orkut e o portal de notícias Google News. Agora, o gigante criado em 1998 por dois universitários americanos pretende fazer da história um livro aberto. Seu novo portal Books Search (books.google.com), lançado no final de 2005, acaba de colocar na rede milhares de obras raras. Entre elas, romances de Henry James, textos de Shakespeare, manuscritos dos ex-presidentes americanos Abraham Lincoln e Thomas Jefferson, fotografias e cartas da guerra civil americana e trabalhos feitos em 1882 pelo evolucionista Charles Darwin.

O Books Search digitalizou material das universidades de Harvard, Stanford e Michigan e da biblioteca pública de Nova York, incluindo dez mil obras livres da lei de propriedade intelectual – todos os livros publicados nos EUA antes de 1923 são de domínio público. Há também mapas antigos, caricaturas e música. É possível realizar buscas dentro dos textos, salvar imagens dos livros e encontrar caminhos para resenhas. Existe uma versão para países da América Latina, em fase de testes, mas o Brasil ainda não foi incluído. O gigante doou US$ 3 milhões à biblioteca do Congresso americano e negocia com a Biblioteca Nacional do Egito para digitalizar documentos do século X relacionados ao Islã. Pretende reunir 15 milhões de livros, uma vasta categoria de objetos multimídia e terá retorno com os anúncios que acompanham os resultados das buscas.

Mas editoras e autores americanos torcem o nariz. Acusam o grupo, nos tribunais, de violar a lei de propriedade intelectual, com a alegação de que, nas bibliotecas, o livro é oferecido apenas para consulta, sem exploração comercial ou publicitária, como no Books Search. O Google diz que 18% dos livros são de domínio público e do restante, protegido por lei, são divulgados apenas trechos, o que seria permitido. Além disso, a concorrência despertou. A Microsoft anunciou parceria com o Yahoo! para colocar no ar o Open Content Alliance, biblioteca digital que poderá ser usada a partir de qualquer portal de busca – o Books Search é acionado exclusivamente através do Google. De início, serão 150 mil livros. A Amazon.com, potência no comércio de livros na rede, lançará ainda este ano o Amazon Pages, para venda virtual de páginas ou trechos de livros. No final, a disputa tem tudo para beneficiar o consumidor.