06/10/1999 - 10:00
O correspondente de ISTOÉ em Nova York, Osmar Freitas Jr., esteve por quatro dias em Díli, capital de Timor Leste. Palco de mais uma daquelas demonstrações de barbárie que teimam em atrapalhar a digestão do café da manhã do cidadão do mundo, Díli, em fase de complicada pacificação pelas tropas da Onu, é alvo dos jornalistas internacionais e seu acesso, que já era restrito, tornou-se praticamente proibitivo depois dos assassinatos do correspondente em Jacarta do Financial Times e de um jornalista indonésio.
As vagas para a imprensa nos vôos da Força Aérea Australiana foram canceladas. Em Darwin, na Austrália, Osmar conseguiu embarcar, na manhã de domingo 26, num Hércules C-130 da Unamet – Missão de Assistência das Nações Unidas ao Timor Leste –, o pessoal que supervisionou o fatídico plebiscito, foi expulso pelas milícias pró-Indonésia e agora começa a retornar à ilha para auxiliar na pacificação.
Aos 45 anos, Osmar é um jornalista experiente. Já cobriu para ISTOÉ a intervenção americana no Haiti em 1994, quando passou uma noite inteira em um morro cercado por rebeldes haitianos. Em Díli, percorreu as ruas em um blindado, dormiu em barracas montadas no estacionamento de um hotel e ficou estarrecido com o resultado do ódio das milícias e dos militares indonésios. “É surpreendente como o Exército indonésio e os milicianos conseguiram tal nível de destruição sem o emprego de bombardeio aéreo ou de peças de artilharia pesada”, afirma.
Seu relato começa à pág. 122. A partir da pág. 24, a barbárie assume as cores verde-amarelas e se mistura com a política. Na reportagem de Andrei Meireles, um ministro de Estado é acusado por um delegado de envolvimento com grupos de extermínio no Espírito Santo. Na pág. 28, o deputado federal Augusto Farias é apontado na CPI do Narcotráfico como sócio de Hildebrando Pascoal, aquele dos crimes com a serra elétrica.