Para o Brasil, palco dos próximos grandes eventos – da Copa do Mundo à Jornada da Juventude, que deve reunir ao menos dois milhões de participantes –, o infame atentado de Boston na semana passada serve de dramático alerta sobre os cuidados necessários contra essa que é a mais vil e covarde forma de violência. No currículo hediondo desses crimes, acontecimentos de massa e com grande cobertura midiática converteram-se em alvos preferenciais, caso das Olimpíadas de Munique em 72 e de Atlanta em 96. O ataque durante a tradicional prova de maratona americana demonstrou que a opção está mais em voga do que nunca, na ordem do dia dos extremistas, e reforçou a convicção de que não há como livrar o mundo do terror, apesar das constantes bravatas de potências globais. Ao que tudo indica, apenas sofisticados sistemas de segurança e informação, aprimorados com frequência, servem como arma razoavelmente eficaz para combater, ou ao menos atenuar, as consequências da sórdida prática. E assim, diante dos acontecimentos, a questão que se impõe, e parece dia a dia tomar conta de mentes e corações dos brasileiros, é: estamos realmente seguros e preparados? Para saber qual o esquema em estudo e o atual estágio de investimento do País nesse sentido, a reportagem de ISTOÉ fez um minucioso mergulho nos QGs de inteligência e organização de cidades e Estados anfitriões da Copa, Olimpíada, etc. Encontrou avanços importantes e algumas vulnerabilidades. Acompanhou simulações. Ouviu especialistas que avaliaram os planos das autoridades e deram seus vereditos. No geral, consideraram a estrutura boa. Mas atentaram para a necessidade de mais testes. Naturalmente, ainda não se sabe como todo o aparato em gestação vai funcionar em situações de emergência. Falhas legais também foram identificadas: o Brasil ainda não possui, por exemplo, uma lei antiterror e qualquer ameaça do tipo é enquadrada na caduca Lei de Segurança Nacional. A insanidade dos atentados está a merecer maior atenção. Aqui principalmente. Afinal, para o bem e para o mal, também nesse campo, o Brasil virou a bola da vez.