STILL EM MOVIMENTO: LIÇÃO DE PINTURA/ Paço das Artes, SP/ até 12/5

Há oito anos, o Paço das Artes recebeu uma mostra que repensava o lugar da pintura na arte contemporânea. Com curadoria de Angélica de Moraes, a exposição “Pintura Reencarnada” marcou um momento, ao afirmar que o pensamento pictórico continuava presente em outros suportes, como o vídeo, a fotografia e a instalação. Agora, com curadoria de Berta Sichel, “Still em Movimento: Lição de Pintura” volta a afirmar a pintura como uma técnica em movimento, que migra do suporte tradicional do quadro de tecido para a projeção de vídeo.

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PERFORMANCE
Tela de Velázquez é ficcionalizada em fotografia de Elena del Rivero

A exposição tem como mote a simultaneidade e o cruzamento entre arte e tecnologia. Na obra de dez artistas de várias gerações e nacionalidades, as técnicas de animação, composição digital e ficção são utilizadas para dar nova vida a obras clássicas da história da arte – do renascimento à arte moderna.

Com uma abrangência de quatro séculos, a curadoria de Berta Sichel realiza uma aula de história da pintura através da produção audiovisual contemporânea. A mais antiga obra revisitada é “Les Sept Péches Capitaux”, pintada em 1558 pelo artista flamengo Pieter Brueghel e traduzida em um delicado desenho animado pelo artista belga Antoine Roegiers. Depois, saltamos para “ Las Hilanderas” (1657), de Velázquez, que ganha reencenação fotográfica da espanhola Elena del Rivero. Velázquez também está na programação digital “Topologies” (2010), de David Quayola, que utiliza tecnologia de ponta para transformar o clássico “Las Meninas” (1656) em uma programação de fractais.

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FRACTAL
Clássico “Las Meninas” ganha programação digital de David Quayola

O impressionismo está representado no trabalho da artista suíça Anne Saucer-Hall, que produziu uma livre interpretação da pintura “O Balcão” (1869), de Manet, introduzindo ação à cena originalmente estática. Nesse exercício de imaginação, a artista realiza uma das mais belas obras em exposição. Outra obra referencial é “O Grande Vidro”, de Marcel Duchamp, transformada em animação digital pelo basco Txuspo Poyo.

Escapa ao modelo de reencenação histórica a videoinstalação “Spit Paintings” (2010), do austríaco Peter Weibel. Mas a lição continua: sua pintura feita de cuspe não é a releitura de uma tela específica, mas da atitude escatológica da arte conceitual e performática do expressionismo abstrato.