05/12/2004 - 10:00
Lavanderia
A reportagem intitulada “Lavanderia Nordeste” (ISTOÉ 1730) choca pela preocupante precipitação em divulgar denúncias sem provas, enlameando a honra de pessoas sem o cuidado mínimo no exame das informações. Esta revista se achou no direito de divulgar como verdade acabada a estranhíssima acusação de um marginal preso por 17 vezes, inclusive por assalto a banco, sem um documento sequer comprobatório do extenso rosário de infâmias assacadas, sem um inquérito preliminar, sem ao menos o início de qualquer investigação por parte da Polícia Federal ou do Ministério Público. Pior ainda, sem indícios minimamente consistentes. A ISTOÉ quase desconheceu o detalhe revelador da vida criminosa do denunciante, apresentado e credenciado apenas como um ex-funcionário de uma casa de câmbio. Nem ele próprio se permitiu tanta generosidade, pois já nas primeiras linhas de seu depoimento confessou sua prática de crimes continuados em quadrilha formada com essa finalidade. Não se trata de desqualificar o denunciante para desacreditar a denúncia. Quem o desqualifica é seu próprio depoimento de criminoso confesso. Quem o desqualifica são as contradições de sua denúncia. A Procuradoria Geral da República encaminhou pedidos de informações à Polícia Federal, às Secretarias de Segurança de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte sobre os antecedentes criminais do denunciante Alexandre Magero Araújo, criminoso confesso. Requisitou ao Ministério da Justiça informações sobre pedidos do depoente para inclusão no Programa Nacional de Proteção às Testemunhas, reivindicação que lhe teria sido negada. O objetivo desses pedidos, garante a Procuradoria Geral, em nota oficial, “é estabelecer a credibilidade do depoente, uma vez que ele não apresentou nenhuma prova do que disse”. A Procuradoria da República da Paraíba expediu documento, assinado por todos os seus procuradores, atestando que não se fez até aqui qualquer investigação a respeito de tais denúncias, e que, quando adianta no ofício endereçado ao procurador Geraldo Brindeiro que dados constantes do depoimento mostram-se verdadeiros segundo levantamentos iniciais, não está se referindo aos fatos ilícitos que o depoente imputou a mim, ao meu pai, senador Ronaldo Cunha Lima, ao ex-deputado Ramalho Leite, ao ex-ministro Fernando Catão e a Bertrand Cunha Lima. Como então a revista fez supor que elas são verdadeiras? Todo homem público tem absoluta obrigação de se submeter ao controle social mais abrangente. Da sociedade, da imprensa, do Legislativo, dos Tribunais de Contas. Se cometer qualquer deslize, tem que ser denunciado, julgado, cassado ou até preso. Mas todo cidadão, agente público ou não, tem o direito sagrado à honra, que não pode ser enxovalhada impunemente. Já nem se fala em ônus da prova para quem acusa… Fala-se, no caso, é de responsabilidade de quem divulga acusações tão graves que mancham a história inteira de uma vida sem uma comprovação mínima que seja, sem um respaldo minimamente consistente… Até que ponto ficaremos reféns de marginais a serviço Deus sabe de quem ou de pessoas temerariamente irresponsáveis diante da honra alheia? Não me peçam, por favor, para acreditar que seja isso que se defende como liberdade de informação. Comentei com seu repórter que todo esse episódio se assemelhava a um balaio de penas despejado do alto de uma torre para depois sair à cata de todas elas. Será muito difícil juntar todas de volta, tenho consciência disso. Quanto tempo levará, só Deus sabe. Quanta dor exigirá, ninguém poderá dimensionar. Mas por minha honra, por meus filhos, por minha família, por todas as vítimas dessa torpeza, por cada um dos votos dos paraibanos que me concederam sua confiança, tenha certeza de que não descansarei enquanto não juntá-las todas de novo. A Procuradoria Regional da República na Paraíba garantiu, formalmente, que não há nada contra mim. Fui ao procurador-geral da República com um único e insistente pedido: mande apurar tudo, detalhe a detalhe. Fui ao ministro da Justiça com o mesmo e único pedido: apurar, apurar tudo à exaustão. Deixei com o procurador Geraldo Brindeiro autorizações para a quebra de todos os sigilos que a Constituição porventura me garanta: abro mão de tudo, só não abro mão do direito de descobrir quem está por trás dessa infâmia armada com objetivos puramente eleitoreiros, e só retardada porque o próprio Ministério Público sentiu no ar o cheiro de uma trama para mudar o resultado da eleição na Paraíba. Não abrirei mão, tampouco, do direito de processar civil e criminalmente todos os envolvidos nessa vilania. Os senhores podem até não entender a obsessão de quem, como eu, está remando em mar revolto apenas com as próprias mãos. Enfrentei, nessa recente campanha eleitoral, toda sorte de maquinações, de tramas similares, de boatos, de panfletos apócrifos e criminosos. A tudo venci escudado na confiança inabalável de que a verdade sempre prevalece. Tenho, agora, a mesma obsessiva convicção de que tudo um dia virá à tona. E a todos esses detratores encontrarei nos tribunais para dizer o que agora garanto: a verdade sempe vence. A Justiça também.
Cássio Cunha Lima
Governador eleito da Paraíba
João Pessoa – PB
Em sua edição 1730, a revista ISTOÉ dirige-me acusações levianas, sem apresentar provas e com base apenas nas declarações de um desqualificado que confessa, ele mesmo, ser assaltante de bancos. Quero, a bem da verdade, esclarecer que: não conheço nem nunca ouvi falar do sr. Alexandre Magero de Araújo nem da empresa Anacor, para a qual ele diz ter trabalhado. Nunca mantive com ele ou com a empresa qualquer tipo de relação comercial. É mentirosa a afirmação de que eu teria usado o nome de terceiros para adquirir imóveis. Os bens que adquiri em toda a minha vida foram de forma lícita e sempre colocados em meu nome. Também é mentirosa a insinuação sobre “uma suposta conta no Exterior”, de minha propriedade. Tal assunto foi trazido à tona, durante a campanha eleitoral, pelo sr. Fernando Freire, atual governador e meu adversário no segundo turno. Numa manobra capciosa, ele apresentou a “denúncia” afirmando, de antemão, que já a investigara, comprovando que era apenas uma farsa. A manobra do sr. Fernando Freire – levar a público uma denúncia que sabia falsa – tinha um claro objetivo eleitoreiro, mas foi repudiada pela opinião pública, conforme mostram os números finais da eleição. Para esclarecer de vez o assunto e desmascarar o denunciante, impetrei Ação Cautelar de Exibição de Documentos, para que o sr. Fernando Freire traga a público os papéis que compõem a fraude, e a Justiça possa identificar o autor dessa armação. Até a presente data, o sr. Fernando Freire não apresentou nada, o que comprova o verdadeiro caráter da “denúncia”. Só tenho contas bancárias no Brasil. Sobre as acusações levianas feitas a mim, tomei as seguintes providências: ao tomar conhecimento do assunto
pela internet, antes de a revista ISTOÉ circular no Rio Grande do Norte, apresentei à imprensa, em entrevista coletiva, documentos que atestam a lisura da minha conduta pessoal e pública. Pedi e obtive, do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte, certidão negativa atestando
que não há nenhum processo contra mim por causa das acusações divulgadas por ISTOÉ. Fui a Brasília, na última quarta-feira, dia 27 de novembro, para conversar pessoalmente com o procurador-geral da República, dr. Geraldo Brindeiro, que está de posse das declarações
do acusador. Coloquei-me à disposição do sr. procurador-geral, para colaborar de todas as formas em qualquer investigação que venha a
ser feita. Instruí meu advogado para entrar com ação judicial contra
o autor das acusações. Meu maior patrimônio é minha honra. Em mai
s de 20 anos de vida pública, sempre tive minhas contas e atos como administradora aprovados pelos tribunais competentes. E também
pelo povo de Natal e do Rio Grande do Norte, que me concedeu, no segundo turno da eleição, a maior vitória proporcional entre os candidatos a governador em todo o País, com 61% dos votos válidos. Agradeço a publicação desta carta na íntegra e reservo-me o direito
de encaminhá-la a outros veículos de comunicação.
Wilma Maria de Faria
Governadora eleita do Rio Grande do Norte
Natal – RN
Fui surpreendido com a revista ISTOÉ sobre a “Conexão Nordeste”. Meu nome é Hérbat Spencer Batista Meira, sou advogado, OAB/RN 825, sou procurador do Estado aprovado em concurso público quando concluí meu curso aqui em Natal vindo da Paraíba, sem conhecer qualquer político e sem ter qualquer laço com ninguém da área política. Tirei 8,6 na prova. Sou professor da Universidade Federal, por concurso, avaliado pelo prof. dr. Alfredo Assis da Universidade Federal de Curitiba-PR. Tenho uma das bancas mais respeitadas da cidade pela minha honestidade, princípios, lisura e seriedade com o trato das minhas causas. Conheci a prefeita de Natal, Wilma de Faria, já era tudo isso, casei com ela sob a promessa de que deixaria a vida pública. Impossibilitada de cumprir a promessa, nosso casamento acabou, porque não acredito em políticos. Sofri horrores com a denúncia no programa eleitoral do deputado Leornardo Arruda em que nos acusou de viajar com passagens compradas pela prefeitura. E não imaginam Vossas Senhorias o que tive que passar para encontrar, a tempo, as provas de que compramos as passagens com o nosso dinheiro. Hoje, o deputado Leonardo Arruda é o coordenador da Equipe de Transição da prefeita. Agora, um tal de Araújo, que eu nunca vi, com quem nunca me encontrei, e com quem nunca troquei sequer figurinha
de álbum, diz, e a ISTOÉ publica, que trocava dólares comigo. Nunca. Nunca. Nunca. Renuncio ao meu grau de advogado, professor de Direito da UFRN e da UNP e procurador se esse marginal provar isso. Quando conheci a prefeita, advogava na rua Apdi, 589, em um imóvel alugado, que hoje ainda é alugado. Minha conta no Banco do Brasil, agência centro, desde 1971, está às suas ordens para qualquer extrato, de
todo esse tempo, 1971, quando aqui cheguei, ainda estudante, até
hoje. Abro mão do meu sigilo bancário. Meus bens, os que tinha, os
que tenho, e os que discutimos na Justiça, estão relacionados no processo de separação judicial 001.99.01379-6, da Terceira Vara de Família da Comarca de Natal, em grau de apelação nº 01,002.399-2,
do Tribunal de Justiça, de cujo segredo de Justiça também abro mão… Autorizo Vossas Senhorias a virem a Natal investigar minha vida e
meu patrimônio. Sustentei a prefeita durante quatro anos em que
esteve casada comigo e sem exercer cargo público, e não fui a Recife, nem recebi nenhum Araújo em Natal, desde janeiro de 1998, tendo
me separado da prefeita em fevereiro de 1998… Paciência. Nunca
cuidei de campanha, de finanças de campanha, de dinheiro… só
preparei alguns discursos, e, decepcionado com a impossibilidade
de não deixar a vida pública, nos afastamos em fevereiro de 1998. Continuo ensinando, advogando, constituí outra família, e devem
estar confundindo as coisas. Investiguem, e limpem meu nome
para evitar o processo judicial que isso objetive…
Hérbat Spencer Batista Meira
Natal – RN
Causou-me indignação o fato de ver meu nome citado na reportagem de capa da revista ISTOÉ edição 1730 como integrante de um “esquema de remessa de dinheiro para o Exterior e de troca de reais para dólares, além de imóveis comprados em nome de terceiros”, conforme texto. A base dessa citação foi, exclusivamente, o depoimento de Alexandre Magero Araújo, prestado à Procuradoria Regional da República, pessoa que confessou em seu depoimento ter participado de assaltos a bancos e de ter 17 passagens pela polícia. Nunca mantive contato com a referida pessoa. A acusação desacompanhada de qualificação ou base factual me leva a crer ser fruto de manobra com objetivos escusos. Não bastasse a torpe acusação, ainda fui vítima do mau jornalismo. Minha honra foi atacada e não tive chance de defesa. O repórter Mário Simas Filho confirmou, por telefone, à minha assessoria, não ter julgado necessário me procurar para obter minhas declarações. Como ele mesmo disse: “Não vi necessidade porque, afinal, o deputado foi citado en passant no pé da matéria.” O referido jornalista foi procurado ainda na sexta-feira, dia 22, quando o texto da reportagem foi veiculado pela internet. Nesse mesmo dia, enviei nota de repúdio à redação, com o conhecimento do sr. Simas, para ser publicado on line. Nem essa promessa foi cumprida. Estarei em qualquer foro disposto a restabelecer a verdade e esclarecer de forma definitiva esse assunto. Espero que, diante desses fatos, a direção da ISTOÉ garanta a minha defesa e aos leitores informação verdadeira.
Armando Monteiro Neto
Deputado
Brasília – DF
ISTOÉ responde: A reportagem “Conexão Nordeste” (ISTOÉ 1730) baseou-se em documento produzido pela Procuradoria da República
na Paraíba, assinado pelo procurador da República, dr. Antonio
Edílson Magalhães Teixeira – que ISTOÉ considera idôneo – e
enviado para o procurador-geral da República, dr. Geraldo Brindeiro – igualmente por nós considerado idôneo – do qual destacamos o
seguinte trecho: “Alguns dados constantes do depoimento
mostram -se verdadeiros, segundo levantamentos iniciais.”
Causa espanto e, ao mesmo tempo, indignação a participação do policial federal Queiroga Wanderlei no esquema de lavagem de dinheiro, mencionado na matéria. Esse mesmo policial, em meados do ano de 2001, lecionou na Academia de Polícia Civil de Pernambuco para uma turma de 50 novos delegados de polícia, dentre os quais sou um deles, a seguinte disciplina: combate ao crime organizado. Não é uma piada?
Cláudio Gonçalves Guerra
Santa Cruz do Capibaribe – PE