07/04/2004 - 10:00
O vinho brasileiro vem evoluindo notavelmente nos últimos anos. Mas, apesar do esforço dos produtores para melhorar a qualidade, muitos estrangeiros nem sequer sabem que se produz a bebida por aqui. Uma marca recém-chegada ao mercado quer inserir de fato o Brasil no mercado internacional. Fundada em 2001, a casa Lídio Carraro, localizada no Vale dos Vinhedos, na serra gaúcha, é a primeira empresa nacional a ter suas garrafas comercializadas nas lojas brasileiras do Duty Free, os famosos Free Shops instalados nos aeroportos internacionais. O Merlot Grande Vindima 2002 e o Assemblage Grande Vindima 2002, este último elaborado a partir das uvas Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat, chegaram às gôndolas dos pontos-de-venda para competir com prestigiados rótulos da França, Itália, de Portugal, do Chile e da Nova Zelândia, entre outros países com nome no mundo do vinho. A escolha de Lídio Carraro levou em conta alguns critérios determinantes para os apreciadores da bebida. O vinho é elaborado a partir de uvas selecionadas com apuro. No processo de produção, os frutos são recebidos, desengançados e conduzidos para os tanques de fermentação por gravidade. Esse sistema evita a utilização de máquinas na vinificação. Outro detalhe a ser destacado é a baixa produção do vinhedo. Foram colocados à venda apenas dois lotes com 13,5 mil garrafas cada. Esses fatores conferem ao Lídio Carraro o status de vinho de butique. Como estratégia de consolidação e segmentação da marca, nos Free Shops os vinhos só serão vendidos nas lojas de embarque dos aeroportos. O público-alvo é o que deixa o País. ?Escolhemos um produtor pequeno, que prioriza a qualidade em vez do volume. O Lídio Carraro faz um vinho leve, harmônico e ótimo para ser bebido logo. Tenho certeza de que o estrangeiro que comprá-lo terá uma ótima impressão?, diz Danio Braga, enólogo que presta consultoria à Brasif, empresa administradora da cadeia Duty Free. Apesar de nova, a vinícola de Lídio Carraro, um descendente de italianos que deixou de vender as uvas de sua plantação para produzir os próprios tintos, causa boa impressão entre enófilos e críticos enogastronômicos. O Merlot 2002 foi eleito um dos melhores tintos do País na 10ª Avaliação Nacional de Vinhos. ?O Lídio Carraro tem dado um sopro de modernidade na vinicultura nacional. Essa aposta está resultando em vinhos jovens, frutados e bastante agradáveis. Sem dúvida, estaremos bem representados no Free Shop?, diz o jornalista e enófilo Eduardo Viotti, autor do Guia dos vinhos brasileiros. Como qualquer produto exclusivo, os Lídios Carraros só são encontrados, além dos Free Shops, em casas especializadas, restaurantes sofisticados e estabelecimentos de artigos de luxo. Enfim, um prazer para poucos.