07/04/2004 - 10:00
Uma nova febre vem contagiando as academias cariocas. Seguindo a
mesma linha do spinning – atividade física sobre bicicletas ergométricas –, as aulas de corridas coletivas, ou running class, estão atraindo adeptos a cada dia. Misturando música ensurdecedora e esteiras supermodernas, a atividade encanta pela eficiência dos resultados. “Pode-se perder até mil calorias em apenas 40 minutos”, calcula o professor de educação física André Leta, da academia Pró-Forma, no Rio. A running class é como uma pequena maratona sem paisagem ou linha de chegada, na qual um grupo de até 12 alunos sua a camisa sem sair do lugar em cima das esteiras. Posicionado em um palco no fundo da sala, um professor se esforça para manter a empolgação da turma com treinamentos que variam de acordo com o objetivo dos alunos. São oferecidos quatro estilos de corrida, que vão das elevações, nas quais o que se propõe são cursos íngremes e constantes, aos percursos intercalados, quando o aluno deve alternar o ritmo entre altas e baixas velocidades. O sucesso da modalidade é tanto que as academias já organizam listas de espera para quem quiser se aventurar.
Apaixonado por maratonas, o engenheiro José Roberto Ribas, 47 anos, tornou-se presença constante nas turmas de running class da academia carioca Estação do Corpo. “Costumava treinar no asfalto, mas as aulas sobre esteiras me dão mais precisão. Me sinto confiante sabendo que posso controlar a velocidade e acompanhar a evolução de cada quilômetro percorrido”, comemora. Ribas acredita que correr na companhia de um grupo de pessoas traz mais motivação. “A energia do esporte coletivo é incrível”, exalta. Praticar atividades de extremo esforço, no entanto, requer alguns cuidados. O clínico-geral Roberto Zani alerta para os perigos da popularização do exercício. “Apenas verdadeiros atletas podem se arriscar nesta modalidade. É preciso estar atento para os perigos de uma atividade tão intensa”, adverte. Ele explica que o desgaste exagerado pode até causar ataques cardíacos em alunos inexperientes. “Se a aula dura 40 minutos, o indivíduo corre pelo menos dez quilômetros, e nem todos estão preparados para isso”, conclui.
Deve-se estar atento a possíveis sinais de desgaste, como dores nas articulações.
E se preparar antes. A artista plástica Gisele Andrade, 37 anos, por exemplo, abandonou as aulas de ginástica localizada e se inscreveu há um mês nas turmas
de corrida. “Como não tenho preparo físico de maratonista, faço muito alongamento antes dos treinos e não abro mão de uma alimentação saudável”, conta. Zani explica que, se praticada corretamente, a atividade pode gerar diversos benefícios. “Quando exigimos mais esforço do coração, surgem novos pequenos vasos para ajudar
a irrigação do órgão, aumentando a circulação coronariana. A atividade também
eleva as taxas do HDL, o chamado bom colesterol”, explica. Mas quem se
interessar pela nova atividade deve consultar um médico e se submeter a uma avaliação cardiológica.