Batizada de Ciclone, uma megaoperação organizada pela Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil do Rio de Janeiro (Cinpol) desarticulou uma das maiores quadrilhas de tráfico de drogas do País, com ramificações no Rio, em São Paulo, no Maranhão, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. O bando fornecia maconha à zona sul do Rio e Saquarema, na região dos Lagos. As investigações começaram em outubro de 2003, após a prisão do traficante Marcelo Jordan, em Copacabana. Desde então, foram feitas mais de 320 horas de escuta telefônica que culminaram em prisões, na apreensão de maconha e dinheiro. A polícia chegou a ouvir referência a mais de seis toneladas de maconha. Segundo Marina Maggessi, coordenadora de inteligência da Polícia Civil, a próxima etapa será “abrir a caixa-preta” do bando. “Com as apreensões que fizemos poderemos avaliar o tamanho da quadrilha”, acredita.

A Justiça expediu 13 mandatos de prisão e, até sexta-feira, nove pessoas haviam sido detidas. O chefe do bando, o empresário Rogério Siqueira Azambuja, sócio de empresas de importação e exportação, câmbio e turismo, ainda está foragido. Por pouco Álvaro Lins, chefe da Polícia Civil, não conseguiu prendê-lo quando esteve em São Paulo para gravar um programa de televisão. Azambuja viajou do Maranhão para São Paulo, onde se hospedou no Hotel Normandy, com seu braço direito, Valdecir Raimundo Gomes Prado, 29 anos, preso com R$ 40 mil. Douglas Lafayete Julião, sócio de Azambuja na Casa de Câmbio e Turismo Wall Street, foi detido em São Luís com US$ 23 mil. Duzentos e vinte quilos de maconha foram apreendidos na prisão de Roberto Carlos Gomes, gerente do tráfico no morro do Jacarezinho. Sua mulher, Sueli de Souza Alcântara, também foi detida porque, segundo a polícia, é titular de uma das contas bancárias da quadrilha.

O esquema de distribuição começava pelo Paraguai. A maconha chegava ao Rio de caminhão pela via Dutra, escondida atrás de placas de aço nos caminhões. Quando chegava à cidade, era levada a entrepostos, em Copacabana, Jacarezinho, Rocinha e Saquarema. A Justiça decretou quebra de sigilos bancário, telefônico e fiscal e o arresto de bens da quadrilha.