Está ficando tarde demais, de Antonio Tabucchi (Rocco, 196 págs., R$ 27,50) – Às vezes parece fábula, outras realidade. O novo livro deste italiano sacramentado como um dos mais importantes autores contemporâneos é composto de cartas fictícias, sem nomes de remetentes ou destinatários. A porta aberta da narrativa é um convite para o leitor entrar, pois as missivas falam de histórias universais da vida, que é “sub-reptícia e raramente mostra na superfície as suas razões”. Avesso ao computador e à internet, o escritor também faz um libelo contra a imposição do uso da máquina na comunicação entre homens. A tecnologia não mostra o silêncio. E o silêncio, adverte o mestre, é o mais difícil de tudo porque pressupõe paciência ou teimosia e “nos confronta com o dia-a-dia.” As cartas de Tabucchi
nos redimem. (Eliane Lobato)