No início de novembro de 2003, Tom Ford, diretor de criação do grupo Gucci desde 1994, anunciou que não renovaria seu contrato – que vence em abril – com o conglomerado francês Pinault Printemps Redout (PPR), detentor da marca Gucci e Yves Saint Laurent. A notícia ganhou páginas até mesmo em publicações antes não atentas ao burburinho do mundo da moda, ao mesmo tempo que as especulações quanto à substituição de Tom Ford não paravam de pipocar. Nomes como os dos ingleses Alexander McQueen e Stella McCartney (que pertencem ao PPR) foram uns dos mais cotados para assumir a vaga na Gucci. Para a Yves Saint Laurent, o mais cotado seria o americano Marc Jacobs (Louis Vuitton). O brasileiro Francisco Costa (Calvin Klein) e o cubano Narciso Rodriguez também foram apontados como sucessores.

Meras apostas. Depois de sua despedida definitiva do grupo, que aconteceu no domingo 7, no Museu Rodin, em Paris, com o desfile feminino da YSL durante a semana de moda da capital francesa,
novos nomes surgiram como opção para as vagas de Ford. Dessa
vez, são quatro funcionários da PPR, quase anônimos no mundinho:
John Ray, Alfreda Gianni, Alessandra Facchinetti e Stefano Pilati.
Cada um assumiria um cargo deixado pelo antigo chefe. Ray, Gianni e Facchinetti ficariam com a Gucci Acessórios, masculina e feminina. Enquanto Pilati receberia a criação da YSL.

Para o empresário brasileiro Carlos Ferreirinha, especialista no segmento luxo, essa hipótese parece ser a mais convincente. “Embora o grupo ainda não tenha se manifestado oficialmente, seria uma boa solução para manter a linha das grifes que fizeram tanto sucesso nas mãos de Ford”, explica. Tamanha especulação em torno de um nome tem razão de ser. Tom Ford é um talento. Esse texano de 43 anos cuidava de toda a imagem masculina e feminina das duas grifes que estão entre as mais importantes do mundo.

Do estilismo às vitrines, dos desfiles às ousadas campanhas publicitárias (incluindo a linha cosmética), tudo era criado e coordenado por Ford e não raro refletia sua personalidade. Tanto o homem quanto a mulher propostos por ele carregavam elementos com os quais o estilista conviveu. “Seus personagens eram chiques e decadentes. Como seus amigos da pista do Studio 54, que Ford frequentou”, conta o editor de moda Mário Mendes, referindo-se à famosa boate nova-iorquina dos anos 70. Com essa proposta ousada, Ford reergueu a Gucci. Hoje, a marca disputa, com a italiana Prada e a espanhola Balenciaga (PPR), o posto de preferida dos consumidores de todo o mundo. A partir do início de abril, o cinema será o foco de Ford, que pretende se tornar diretor. É esperar para ver.