17/03/2004 - 10:00
Governo procura bombeiros |
O senador tucano Tasso Jereissati (CE) de dedo em riste para o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP). O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), quase saindo no tapa com o governista Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Já há algumas cabeças coroadas do governo preocupadíssimas com a sessão de quinta-feira 11 na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, já que foi decidido que os líderes governistas podem passar o trator sobre a minoria no caso de CPIs simplesmente não indicando seus membros. Coube ao senador Jefferson Peres (PDT-AM) dar o sinal de alerta sobre a situação a partir de agora na Casa: “Não existe democracia sem respeito à minoria; pode-se estar selando o fim de um relacionamento minimamente civilizado no Congresso.” O argumento de Peres foi usado várias vezes pelo PT, nos governos anteriores, para conseguir a instalação de algumas CPIs à revelia do interesse das maiorias de então. E, de fato, a ausência total de diálogo entre governistas e oposicionistas no Senado agora está levando a uma situação explosiva. |
Espeto de pau
Responsável pela avaliação biográfica de todo candidato a cargo no governo federal, a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) acomoda em sua diretoria um alto funcionário do governo Collor, acusado no TCU de “concorrência superfaturada” e denunciado pelo Ministério Público na 15ª Vara Federal de Brasília por “improbidade administrativa”. Apesar deste prontuário, riscado quando dirigia a Fundação de Amparo ao Estudante (FAE) em 1991, o economista Francisco Xavier Balieiro Júnior é o atual chefe do Departamento de Administração da Abin desde 1992. Como ordenador de despesas das verbas secretas dos arapongas.
E Crivela desiste
Depois do afastamento de Bispo Rodrigues (agora deputado Carlos Rodrigues) da bancada de parlamentares da Igreja Universal do Reino de Deus, outra baixa no grupo. O senador Bispo Crivela (PL) deve anunciar nos próximos dias sua desistência de concorrer a prefeito do Rio.
Estrelas no Planalto
O general Jorge Armando Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, completa 12 anos de generalato no próximo dia 31 e passa para a reserva. Como ele é agregado (fora da tropa), sua eventual saída do Planalto abriria duas vagas de quatro estrelas no Alto-Comando do Exército. Lula já tem no bolso do paletó dois nomes para a sucessão de Félix: os generais Rômulo Bini, chefe do Estado-Maior do Exército, e Cláudio Figueiredo, chefe do Comando Militar da Amazônia.
Ciro fica
O presidente Lula resolveu comandar pessoalmente uma operação de cerco ao ministro da Integração, Ciro Gomes, para evitar que ele saia do governo e se candidate a prefeito de Fortaleza. Lula deve ir, na quarta-feira 17, a uma solenidade em Sobral, no Ceará, cidade que tem como prefeito o irmão do ministro. Quem não estava nada satisfeito com a história era o padrinho político de Ciro, Tasso Jereissati.
Coluna do tempo
No último dia de 1995, Lula publicou na imprensa um artigo com um balanço do governo FHC. Algumas pérolas:
• “O governo completa seu primeiro ano de mandato com a credibilidade arranhada e muito pouco a mostrar para a população.”
• “Devemos reconhecer que nossos gestores foram muito eficientes em fazer economia com a saúde, a educação, os investimentos em infra-estrutura e tudo o que diz respeito aos programas sociais, cuja soma de gastos ficou muito aquém do montante de juros pagos. Basta pegar uma estrada nestes feriados de fim de ano ou frequentar um hospital público para perceber isso.”
• “As altas taxas de juros (…) desestimulam a produção e estão levando a um ritmo de crescimento insuficiente para gerar a riqueza e os empregos necessários ao País.”
• “É na área externa que o governo reuniu seus maiores feitos. Temos de reconhecer que nunca um governo se empenhou tanto em agradar à comunidade internacional e falar a língua deles.”