Ao final de dois meses e uma audiência recorde, os sobreviventes do Big brother Brasil 4 chegaram ao número de seis, dos 14 iniciais, carregando uma curiosidade em relação às edições anteriores. Todos os fortões, donos de corpos esculpidos à base de muita musculação e de frases que mal se conectam, foram eliminados. Com o chamado paredão, acontecido na terça-feira 9, no qual o revelado mal-humorado lutador gaúcho de artes marciais Marcelo Dourado saiu implodido, dando a vitória à promoter paranaense Marcela Queiroz, restam na casa quatro mulheres e dois homens. Pensando-se no perfil dos vitoriosos passados – todos fazendo a linha bronco-bonitão-carente –, o jardineiro paulistano de cemitério Rogério Dragone e o auxiliar administrativo fluminense Thiago dos Santos se não se mostrarem mais espertos terão poucas chances de chegar à final. Mesmo porque as mulheres em conluio parecem cada vez mais determinadas a se unir para que uma delas leve o prêmio de R$ 500 mil. Mas bom mesmo vai ser espionar os botes que cada uma vai dar a partir desta semana. Afinal, Marcela, a frentista paulista Solange Maria, a Sol, a babá fluminense Gecilda dos Santos, a Cida, e a patricinha brasiliense Juliana Leite, de santas já provaram que nada têm.

A virada das mulheres começou quando a enfermeira paraibana Geris, eliminada na quinta semana, mandou um recado que mexeu com os brios das colegas de confinamento. “Mulheres, se unam porque os homens estão muito unidos. Eu quero ver uma mulher ganhar!”, foi seu último pedido. Desde então, mulher não vota em mulher e os homens estão sendo expurgados, um a um. “Não sou feminista, mas fiquei arretada ao ver a submissão das mulheres”, explica Geris, que aposta na vitória de Cida ou Juliana. O empresário curitibano Edílson Buba, um dos últimos a ser eliminado, reconhece que vai ser difícil para um homem conquistar o tetra. “Acho que as mulheres levam o prêmio.” Com o Clube do Bolinha abalado, Buba arrisca que Cida será a vencedora e que só Rogério pode impedir o triunfo feminino. De um jeito ou de outro, acredita ele, um “pobrinho” deve ser o vencedor. “O Big brother acabou virando uma instituição de caridade”, alfineta o empresário.

Para José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, ou Big God, como o diretor do programa é chamado nos bastidores, o pacto feminino está claro desde o início. “Desta vez, as mulheres estão mais bem posicionadas.” E o público está gostando do embate. O BBB4 tem garantido uma audiência média de 46 pontos, contra 43 da primeira edição, 33 da segunda e 41 da terceira, de acordo com a medição do Ibope. A atração também é recordista de merchandising. No total, são 20 empresas anunciando indiretamente. Para acompanhar
a onda, a Som Livre, a gravadora do complexo Globo, lançou um CD com as músicas da casa. Até um edredon com a marca Big brother – igual aos que Rogério e Sol usam para esconder o chamego da vista alheia – está sendo vendido na internet. É como Marcela sintetizou recentemente ao tentar explicar a lógica do reality show. “Isso aqui nos dá o poder de valorizar as mínimas coisas, como o fogo, o isqueiro.”
E acendeu um cigarro.