A dança a dois com passos leves, rodopios e movimentos sensuais de quadril pode parecer lambada à primeira vista. A semelhança pára por aí. O ritmo que promete embalar o próximo verão é o zouk, que significa festa no dialeto creole e é originário das Antilhas Francesas, as ilhas do Caribe de colonização francesa. Enquanto os ilhéus de ascendência espanhola bailam a salsa, os nativos de Martinica e Guadalupe preferem esse estilo, cantado geralmente em francês.

A sensualidade do zouk vem conquistando os brasileiros aos poucos. Os órfãos da lambada foram os primeiros a aderir à novidade, que já fazia sucesso na América Central e em alguns países da Europa. “A dança começou a ser difundida no Pará e Amapá. No Brasil, ela ficou mais rica e ganhou coreografias mais elaboradas”, diz Carlos Rocha, professor de dança e proprietário da casa Zouk Caribe, em São Paulo. Porto Seguro, na Bahia, foi a parada seguinte do zouk e só recentemente o ritmo caribenho ganhou adeptos e casas especializadas em outros estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Virou febre. Muitas boates têm dedicado uma noite da semana ao zouk e atingem lotação máxima. A procura por aulas particulares também cresce. Rocha e sua mulher, Heloísa Amar, treinam atualmente 180 alunos avançados que procuram destacar-se nos campeonatos que proliferam no verão. Uma competição mundial acontecerá entre 2 e 9 de janeiro, em Porto Seguro, e colocará na berlinda dançarinos brasileiros e estrangeiros. “Virão delegações do Japão, da Escócia, do Canadá, da Argentina e da Holanda, entre outras”, conta Rocha.

Se uma profusão de cantores nacionais pegou carona no sucesso da lambada, o mesmo não acontece com o zouk. Os grandes hits que embalam o ritmo são cantados por estrangeiros, como Gil Semedo, de Cabo Verde, na África, e os caribenhos Thierry Chan e Soumia. Alguns sucessos de artistas famosos, como Ricky Martin, Cher e Shakira, servem também de fundo musical. “Muitas músicas têm batidas de zouk ao fundo. É um atrativo porque as pessoas gostam de dançar com músicas conhecidas”, diz Rocha. Criatividade não falta aos dançarinos. A exemplo dos bailes funk, que têm uma versão mais maliciosa batizada de proibidão, o estilo caribenho ganhou no Rio uma vertente ousada conhecida por neozouk ou zouk love. “Os corpos ficam mais colados, os rostos mais próximos. Além disso, a música é mais lenta e ganha batidas de hip-hop e rhythm & blues”, explica Leopoldo Victor, iluminador cenográfico e aluno da Companhia Jaime Arôxa, no Rio. Leopoldo e o dançarino Evando Albino dos Santos promovem mensalmente o evento Onda Zouk, um dos mais concorridos da noite carioca que, chega a atrair 400 pessoas. O ritmo quente definitivamente está no ar.