03/03/2004 - 10:00
Na sexta-feira 27, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) mostrou que os problemas a serem resolvidos no Brasil são
muito mais graves que o caso Waldomiro – que é grave. Os números
do desemprego de janeiro deste ano e do Produto Interno Bruto (PIB)
de 2003 mostram que o governo não pode se deixar distrair. Ele
precisa concentrar todas as suas energias na solução do problema econômico – e, quanto mais rápido for resolvido o imbróglio do ex-assessor e das verbas de campanha, melhor para o País. O pacote de más notícias do IBGE incluiu a queda do PIB de 2003: 0,2% em relação
a 2002. Pior resultado desde 1992. O IBGE também mostrou que o desemprego em janeiro subiu para 11,7%. Em janeiro do ano passado, estava em 11,2% e, em dezembro, em 10,9%.
A impressão que se tem é que houve um problema de timing. Antes
da divulgação desses números tenebrosos, pelo menos os juros
deveriam estar apontando de novo para baixo, mesmo que fosse o tal viés de baixa. E, se já estamos entrando no terceiro mês do segundo
ano e a taxa Selic continua nos 16,5%, tudo indica que o governo se distraiu demais olhando para o Waldomiro. O governo passou 2003 fazendo a lição de casa. Convenceu a opinião pública interna e externa de que não se tratava de um bando de esquerdistas malucos que
haviam assumido o poder, praticou uma brilhante política externa, usou
à exaustão a imagem de que, na economia, se tratava, sim, da
aplicação de remédios amargos, mas que, mais para a frente, viriam os efeitos benéficos. E, na hora de mostrar que logo, logo, as coisas tenderiam para uma melhora, reaparece o tal do Waldomiro e sua promiscuidade com o jogo e com verbas de campanha.
Aí pára tudo. A mídia, enlouquecida, se perde na desesperada busca
de pedras para atirar na vidraça nova recém-atingida e, fora de mira,
o Banco Central, qual um médico desvairado e obcecado por inflação, continua aplicando o tal remédio amargo, mantendo os juros vergonhosamente altos. Gente, cuidado com o doente! Como disse o governador de Minas, Aécio Neves: “O caso Waldomiro é um problema grave e tem de ser investigado. Mas temos um país em construção e não podemos permitir que isto o paralise. Os indicadores econômicos estão muito frágeis. Nosso papel é cobrar investigações, mas ao mesmo tempo ajudar para que o Brasil não pare.”