Todo zoológico que se preza orgulha-se do nascimento de espécies raras em seu cativeiro e do cuidado que tem com elas. Orgulha-se também da exibição de animais exóticos e do fato de serem igualmente bem tratados. Na semana passada surgiu, porém, uma nova categoria de zoológicos – ou, melhor, de campos de concentração de animais. E eles chamaram a atenção gerando o repúdio de todo o mundo ao promoverem espetáculos de tortura e carnificina de seus bichos. No Lion Zoo, na Etiópia, seis leões foram envenenados e depois vendidos empalhados. No Zoológico de Hainan, no sul da China, cerca de dois terços dos três mil crocodilos foram mortos a pauladas para que sua carne fosse vendida.

Os responsáveis por esses parques tentam justificar o injustificável, alegando que essa atitude criminosa é a única solução para estancar a sangria de suas finanças, diminuindo a superpopulação de animais. Na verdade, diversas ONGs já denunciaram a corrupção que vive solta nesses zoológicos. As organizações de proteção aos animais afirmam que “a medida é um crime”, mesmo porque, se há dificuldades financeiras, elas estão presentes na maioria dos parques em todo o mundo. O que está ocorrendo na Etiópia, por exemplo, é mero comércio: um leão empalhado é vendido por US$ 170. Na ponta do lápis, a conta que os ambientalistas estão fazendo é a seguinte: para se manter um leão vivo em cativeiro, a instituição gasta mensalmente cerca de US$ 1 mil. Como poderia então cobrar tão pouco se pretende cobrir os prejuízos com a venda desses empalhados?

Famosos e belos por suas grandiosas jubas negras, os leões etíopes vivem em média 20 anos e pesam cerca de 250 quilos na fase adulta – quando passam a consumir 20 quilos de carne por refeição. Calcula-se que existam apenas mil exemplares vivendo nas selvas do país. A função do Lion Zoo seria garantir a segurança de suas espécies e, em caso de risco de extinção, protegê-las e estimular o acasalamento.

No zoológico de Hainan não é diferente. Lá os administradores gastam mensalmente US$ 100 para alimentar cada um de seus crocodilos. Alegando
que não têm recursos, os administradores promovem a matança para vender a carne. É um contra-senso. Os chineses são conhecidos por apreciarem carnes exóticas, mas os crocodilos sempre foram mantidos bem longe dos cardápios.
No mercado de Haikou, um conhecido entreposto de Hainan, um quilo da carne desses animais está sendo vendido por US$ 26, quatro vezes mais caro que a carne de porco, a mais consumida no país. Ou seja: essa conta não fecha e a fatura quem paga é a bicharada.