29/12/1999 - 10:00
Foi ali, na área onde funciona a atual Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que o médico sanitarista dedicou 15 dos seus 44 anos de vida ao estudo da microbiologia e de doenças que se espalhavam pela então capital federal no início do século. A relação de Oswaldo Cruz com o lugar começou em 1900, a partir da criação do Instituto Soroterápico nas terras da Fazenda Manguinhos. O castelo, de estilo neomourisco, só começou a ser construído – com base nos croquis do próprio sanitarista – em 1904 e levou quatro anos para ficar pronto. Entre o gabinete e o laboratório, onde chegava a se enfurnar por 14 horas diárias, ele traçava planos para formar novos cientistas, ensinando o que aprendera no Instituto Pasteur, em Paris, e elaborava projetos para remodelar o conceito de saúde pública no País. O cientista ocupou o posto de diretor de Saúde Pública – equivalente ao que hoje seria o de ministro da Saúde – e foi muito criticado pela imprensa. Sofreu grande resistência por causa da ignorância da população. Ao criar as brigadas mata-mosquitos, que invadiam as casas para eliminar o inseto transmissor da febre amarela, Oswaldo Cruz provocou um levante que passou à História como a Revolta da Vacina. As pessoas não acreditavam que um mosquito pudesse transmitir uma doença fatal, o que obrigou o médico a instituir a lei da vacinação obrigatória. Os esforços do cientista foram recompensados. Hoje, a Fiocruz é responsável pela produção de 60% das vacinas do mundo.