17/07/2002 - 10:00
Uma taça de bom vinho por dia é a dose preconizada pelos estudos científicos para que a bebida ofereça um efeito estimulante da saúde. Em quantidade moderada, ela protege a integridade das veias e artérias e auxilia na prevenção de males circulatórios. Essa ação é explicada pela presença de substâncias com ação antioxidante nas sementes, na casca da uva e até no caule da videira, conhecidas como polifenóis. Trata-se de uma família de compostos com atividade potente contra os radicais livres, moléculas apontadas como as principais responsáveis pelo envelhecimento das células.
Diante de tantos benefícios, a uva caiu nas graças da indústria da beleza. Nos últimos dez anos, os polifenóis passaram a fazer parte da composição de cremes rejuvenescedores, hidratantes, óleos, esfoliantes e sabonetes, entre outros produtos. Mas a novidade é que agora o próprio vinho está conquistando espaço nas banheiras dos spas. A idéia de utilizar a bebida para melhorar a qualidade da pele surgiu na França, impulsionada pelas pesquisas pioneiras da marca Caudalie. A empresa de cosméticos mantém o maior centro de vinoterapia da atualidade na região de Bordeaux, famosa pelos vinhos que produz.
No Brasil, também já é possível experimentar os efeitos da vinoterapia. No respeitado Kurotel, em Gramado (RS), por exemplo, o tratamento está disponível há seis meses. O banho dura cerca de 90 minutos e acontece em uma sala rubra, decorada com uvas de verdade, velas aromatizadas ao som de clássicos da música italiana (mas quem não aprecia o gênero pode trocar a trilha sonora). A terapia começa com uma esfoliação da pele na qual se utilizam cremes feitos a partir de sementes de uva. O ritual prossegue com a imersão de 25 minutos em uma banheira repleta de água quente temperada com óleos e hidratantes, também produzidos a partir da fruta, e algumas colheradas de um pó vermelho com os polifenóis. A temperatura do banho favorece o efeito dessas substâncias. “A água aquecida amolece a superfície da pele e facilita a penetração das substâncias ativas mais profundamente”, explica a dermatologista Monica Fiszbaum, de São Paulo.
No Kurotel, a vinoterapia é feita sem uma gota de álcool. Usam-se vários componentes da uva, mas não o próprio vinho. E enquanto se está na banheira, bebe-se suco de uva ou água. A terapia termina com a aplicação no corpo de um hidratante feito a partir da fruta. Uma sessão custa R$ 80. “Nosso objetivo é limpar a pele, diminuir a presença de radicais livres e hidratar. É por isso que usamos polifenóis importados, para garantir a qualidade”, explica a farmacêutica Rafaela Malanga, responsável pela linha de vinoterapia que leva a marca do hotel.
Quando tira folga, Rafaela também mergulha na banheira. “É uma
delícia para descansar”, garante. A empresária catarinense Heloísa Horn Freitas, frequentadora do spa, experimentou e gostou. “A pele fica fantástica”, afirma.
Em São Paulo também há opções. A mais recente é um pacote que inclui o banho de vinho seguido de uma ótima massagem com hidratante de uva. Criada há dois meses pelo Pleno Spa, a terapia custa R$ 80. O banho é preparado com meio garrafão de vinho despejado em uma banheira de hidromassagem equipada com luzes que induzem ao relaxamento. Porém, a imersão deve ser evitada por pessoas com pele sensível ou seca – o açúcar e o álcool presentes no vinho podem ressecar a pele. Além disso, mesmo para quem tem pele normal ou oleosa, é preciso ficar atento. “A quantidade de vinho precisa ser muito menor do que a de água para não deixar a pele seca”, explica Mônica Fiszbaum. O alerta vale para quem quiser homenagear Baco, o deus romano do vinho, com rituais de banhos caseiros.