Um bom banho começa pela escolha do sabonete. E para felicidade de quem aprecia esse momento, as opções estão mais variadas e sofisticadas. O mercado se requintou a tal ponto que há sabonetes que viraram presente chique. Um exemplo é o artigo da linha Nu, da Yves Saint Laurent, à base de extrato da rara orquídea negra. De acordo com a empresa, o sabonete auxilia na hidratação e renovação celular da pele. Essas novidades incrementam o mercado. Segundo o último balanço, o setor movimentou R$ 870 milhões em 2001, contra R$ 809 milhões no ano anterior. Um aumento de 7,5% no faturamento. Para a Indústria Brasileira de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o crescimento se deve ao aumento da expectativa de vida que traz a necessidade de conservar uma impressão de juventude.

A maioria dos novos artigos tem ingredientes diferenciados. É o caso do sabonete Avène com cold cream (complexo oleoso) e água termal, caracterizada por alta concentração de sais minerais como cálcio, magnésio e ferro. “Hoje, o consumidor procura diferenciais”, garante Rubens Slaviski, gerente de marketing da Pierre Fabre, que distribui as marcas Avène, Elancyl e Klorane. O cold cream também faz parte da receita de alguns dos 35 tipos de sabonetes da francesa L’Occitane. “É uma fórmula que dá sensação de frescor e aumenta a hidratação da pele”, afiança Silvia Gambini, diretora da companhia.

No supermercado ou na farmácia, estão outros itens acrescidos de óleos ou hidratantes que podem preservar a pele durante a limpeza. A Granado, que fabrica sabonetes há mais de 100 anos, investe em produtos enriquecidos com substâncias naturais (cupuaçu, por exemplo) e nos com glicerina. Também aposta no sabonete líquido – segundo a indústria, esse tipo de produto teve crescimento de 22% de 2000 para 2001. “Estamos lançando um sabonete líquido 100% vegetal, como nossos produtos em barra. O mercado, em sua maioria, usa gordura animal”, explica o inglês Christopher Freeman, presidente da empresa. A novidade agrada. Os especialistas dão preferência aos produtos com óleo vegetal por serem mais saudáveis à pele. A versão líquida para o rosto também é uma boa pedida. O processo de fabricação desse tipo de sabonete facilita a obtenção de um produto com pH neutro.

O mercado atraente obriga as indústrias a investir na criatividade para conquistar um consumidor mais exigente. Há, por exemplo, uma nova versão do Dove, o Dove Verão, com óleo de girassol, que ajudaria a conservar o bronzeado. A multinacional Johnson & Johnson diversificou as opções para as crianças e lançou sabonetes líquidos enriquecidos com lavanda e camomila ( propriedades calmantes) e eucalipto (para aliviar a congestão nasal). A dermatologista Malba Bertino, do Recife, recomenda, entretanto, que não se supervalorize a composição com ingredientes como chá verde, que também tem efeito calmante. “A função terapêutica é pouca. Sabonete não é remédio. É coadjuvante de limpeza”, ressalva.