30/04/2003 - 10:00
Melancólico, sombrio e até alegre, o universo musical e poético do carioca Agenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980), já foi cantado por muita gente, incluindo Cazuza, que, por coincidência, tinha o mesmo nome daquele que foi um dos fundadores da escola de samba Mangueira. Em sua intenção de cada vez mais mergulhar na alma da música brasileira, Ney Matogrosso dedicou um disco inteiro à obra do compositor, em estúdio, e agora ao vivo em edição simultânea ao DVD do mesmo show. São canções definitivas, defendidas com a habitual paixão por Ney, que há tempos vem deixando de lado os pequenos excessos em troca de uma interpretação mais contida. Basta ouvir a autopunitiva e belíssima Sim ou a hiper-romântica Cordas de aço, composições que só por elas já vale dizer que Cartola foi o Lupicínio Rodrigues do Rio de Janeiro. (Apoene Rodrigues)