23/04/2003 - 10:00
O calor intenso começa a dar trégua aos brasileiros. E é justamente nessa época que aumenta a procura nos consultórios para o tratamento das manchas na pele resultantes de abuso ou descuido no verão. Elas aparecem preferencialmente no dorso das mãos, no rosto e nos ombros, não por acaso os lugares mais expostos ao sol. Isso acontece porque essas marcas estão diretamente relacionadas à quantidade de exposição solar. Algumas, como as melanoses, as sardas e os melasmas, são inofensivas. Outras, porém, como as ceratoses actínicas, podem evoluir para um tumor. “Ter uma mancha é sinal de que a pele é sensível ao sol e isso é um alerta para a pessoa se cuidar, porque um dia pode aparecer algo grave”, explica Joaquim Mesquita Filho, dermatologista da Santa Casa do Rio de Janeiro.
De fato, a maioria das manchas é causada pelo efeito cumulativo do sol. Ou seja, quem passou os finais de semana do último verão tostando no sol do meio-dia corre mais riscos. “É como se fosse um copo embaixo de uma torneira que está pingando. Se o pingo é quase contínuo, o copo transborda mais rápido”, compara Jacson Machado Pinto, chefe da clínica dermatológica da Santa Casa de Belo Horizonte. É por isso que os especialistas insistem na prevenção, baseada principalmente no uso do filtro solar, além de recomendarem a não exposição ao sol entre as 12h e 16h. É sempre bom lembrar que o bronzeamento é uma proteção da pele. “Ele é um mecanismo de defesa contra a radiação do sol. É, literalmente, uma barreira criada pela pele”, diz Machado Pinto.
Mas se as manchas já apareceram, o melhor é cuidar delas. As opções de tratamentos são cada vez mais variadas. Hoje, elas podem ser removidas com laser, peelings, uso de ácidos e outros produtos clareadores. O índice de sucesso no tratamento é bom, em especial se for obedecida a ordem de não se expor ao sol após as aplicações – por isso essa é a melhor época do ano para tratar o problema. De acordo com os especialistas, porém, é importante que o tratamento seja indicado e acompanhado por um dermatologista, principalmente para que o diagnóstico seja feito com precisão e elimine a possibilidade de câncer.
O ideal, portanto, é recorrer a um médico antes de comprar um cosmético na farmácia. Afinal, segundo os especialistas, o efeito desses artigos será superficial. “O cosmético, por definição, não pode promover mudança fisiológica. Se fizer isso, ele é remédio e precisa de prescrição médica”, explica Denise Steiner, integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, regional SP. A médica alerta que muitos produtos, anunciados como revolucionários, não estão habilitados para tratamentos dermatológicos. Isso porque esses cosméticos são feitos para serem usados por milhares de pessoas e, para não causar nenhum problema, têm concentrações muito baixas dos elementos ativos. Por isso, muitas vezes são insuficientes para um bom resultado. “Desconfie de produtos que anunciam agir no músculo, fazer alteração celular, anular a ação de enzimas ou até mesmo promover esfoliação profunda”, reforça Denise.