11/02/2004 - 10:00
Uma das mais respeitadas entidades médicas do mundo, a American Heart Association, anunciou na semana passada as diretrizes para a prevenção de doenças cardiovasculares em mulheres. Elas foram anunciadas após análise de diversos estudos sobre enfermidades cardíacas e derrame. Entre as recomendações estão incrementar a atividade física, parar de fumar e cuidar da alimentação. “São medidas conhecidas, mas divulgadas dessa forma ajudam a chamar a atenção sobre a saúde da mulher”, diz Carlos Serrano, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
A associação orienta que os especialistas façam a prevenção segundo o risco da paciente para esses males. As mulheres com alto risco, por exemplo, precisam reduzir o peso, controlar a pressão sanguínea e a taxa de açúcar, tomar comprimidos de ácido acetilsalicílico, além de tratar da depressão, caso sofram desse problema. As que têm baixo risco, por outro lado, não necessitam do remédio recomendado para o primeiro grupo. O risco para doença cardiovascular é facilmente calculado pelos médicos, que fazem a estimativa com base em dados como pressão arterial, taxa de colesterol e histórico familiar.
Despertar a atenção da população feminina para o risco é muito importante. Isso porque um número grande de mulheres desconhece o perigo. Ou seja, elas não sabem que essas enfermidades estão entre as que mais matam no mundo. Nos Estados Unidos, a cada ano morrem 500 mil mulheres por causas cardiovasculares. Por aqui, dados do Ministério da Saúde apontam que os males do aparelho circulatório – que englobam doenças hipertensivas, acidentes vasculares cerebrais e infarto, entre outros – mataram 123 mil brasileiras em 2000. Mais de 24 mil foram vítimas de infarto e outras 41 mil de enfermidades cerebrovasculares. Infelizmente, muitos médicos também não dispensam a devida atenção ao problema e não levam em consideração sintomas que podem denunciar um infarto, por exemplo.
No entanto, a mulher é tão vulnerável a uma doença cardiovascular quanto o homem. Só para se ter uma idéia, a hipertensão, um dos principais fatores de risco para essas enfermidades, atinge mais mulheres do que homens depois dos 60 anos. A diabete, outra séria ameaça à saúde do coração e do cérebro, oferece mais risco a elas do que a eles. “As artérias do organismo feminino são mais sensíveis às lesões causadas pela doença”, explica o cardiologista Otávio Gebara, médico da Divisão de Cardiogeriatria do Instituto do Coração (InCor), em São Paulo.
Além disso, deve-se levar em conta que existem diferenças entre o coração feminino e o masculino. “Os hormônios femininos protegem contra essas enfermidades. Por isso, se a mulher aparece no pronto-socorro com sintomas de algum problema cardiovascular é sinal de que a doença superou a barreira protetora”, explica Carlos Serrano. As diferenças também se expressam nos sintomas de um infarto. Enquanto no homem uma das características mais conhecidas é a dor no peito, na mulher podem ocorrer sinais como dificuldade repentina para respirar, sudorese intensa e dor de estômago e no ombro. Por tudo isso, é necessário que a população feminina e os médicos fiquem mais atentos para que o coração da mulher não saia mais do ritmo.