11/02/2004 - 10:00
Muito se falou da viagem do físico Albert Einstein (1879-1955) à América do Sul, em 1925, quando ele já era uma celebridade. Desta vez, a experiência é associada ao contexto social e científico, com saborosos aspectos pessoais da vida de um dos cientistas mais brilhantes do século passado. O livro Einstein, o viajante da relatividade na América do Sul (Ed. Vieira&Lent, 256 págs., R$ 42) começou a nascer em 1993, quando seu autor, Alfredo Tolmasquim, diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins, achou o diário de viagem numa visita à Universidade de Jerusalém. Sua pesquisa se estendeu à Alemanha, terra natal do criador da teoria da relatividade. Embora vivesse cercado de pompa e circunstância, Einstein viajava apenas com uma maleta onde levava uma muda de roupa e o inseparável violino.
O físico optou por viajar à América do Sul, após declinar do convite para conhecer Pasadena, na Califórnia, onde funcionava um dos principais centros de pesquisa em astrofísica do mundo. Especula-se que ele escolheu um refúgio seguro contra o anti-semitismo. Na viagem aos trópicos, o físico se viu cercado de cerimônias que o obrigavam a vestir-se formalmente, como na audiência com o presidente Artur Bernardes.
Seus contatos foram com políticos e responsáveis por instituições científicas nacionais. O gênio passou uma semana no Rio de Janeiro, então capital brasileira. Ali, seu prazer foi mais contemplativo que científico. “O Jardim Botânico, bem como a flora de modo geral, supera os sonhos das
Mil e uma noites
. (…) Deliciosa é a mistura étnica nas ruas. (…) Experiência fantástica”, descreve. Einstein gostou mesmo de Montevidéu. “No Uruguai encontrei uma autêntica cordialidade (…). Lá encontrei amor à própria terra sem qualquer megalomania (…) Ao diabo com as grandes cidades.”