A ofensiva do vírus eletrônico mais poderoso dos últimos tempos não deixa nada a dever aos enredos mais excitantes de Hollywood. A conspiração digital que infectou pelo menos um milhão de computadores em 214 países promete fazer novas vítimas durante esta semana. O ataque do MyDoom, que significa meu juízo final, começou em 26 de janeiro e se mostrou uma arma poderosa para represálias econômicas. Seu principal alvo foram as empresas americanas produtoras de software Microsoft e SCO Group. Cada uma ofereceu recompensa de US$ 250 mil para quem fornecesse pistas que ajudassem a colocar o pirata cibernético atrás das grades.

A primeira vítima do terrorismo digital foi o endereço da SCO na internet, que no domingo 1º saiu do ar por conta do excesso de mensagens enviadas a seus servidores pelos milhares de computadores infectados pelo vírus. Na quarta-feira 3 foi a vez de os computadores contaminados dispararem mensagens contra a Microsoft. A empresa de Bill Gates montou uma verdadeira estratégia de guerra, com direito a sigilo absoluto, para se proteger do ciberataque. A calmaria ainda demora, já que está prevista para a quinta-feira 12 a próxima rodada de ataques de uma das variantes do MyDoom ao site da Microsoft.

O Brasil ficou entre os sete países mais afetados pelo vírus, que se suspeita tenha partido da Rússia. Tudo indica que a praga eletrônica foi obra de algum adepto do Linux, o programa cujos direitos autorais a SCO reivindicou na Justiça, no ano passado, e que é o principal concorrente do sistema operacional Windows, a menina-dos-olhos da Microsoft. Os especialistas em segurança se disseram surpresos com a evolução e a sofisticação do novo vírus. Num único dia, o MyDoom espalhou 4,5 milhões de cópias ao redor do globo.