Cidade de Hamamatsu, Japão, final da tarde. Diversos brasileiros que vivem ali tentavam assistir ao treino da Seleção Brasileira, que se preparava para o jogo contra a Inglaterra. O menino Eric, seis anos, e seu pai eram apenas dois em meio à multidão de fãs. Tentavam, desde às oito da manhã, ver de perto os astros do Brasil. A jornalista Ana Paula Padrão, da Rede Globo, se sensibilizou com a história do garoto. Pegou-o no colo e o levou para o gramado. Ao final do treinamento, Rivaldo foi conversar com ele. Diante da timidez de Eric, o craque tirou as chuteiras e as entregou ao pequeno torcedor. Essas cenas, que foram ao ar na quinta-feira 20 no Jornal da Globo, resumem o fascínio do torcedor por um dos maiores símbolos do futebol.

E nesta Copa tecnológica, as chuteiras foram um show à parte.
No lugar das tradicionais pretas, entraram em cena as vermelhas, brancas, prateadas e azuis. E as cores foram apenas o início das mudanças. Por trás delas existem anos de estudo e milhões de
dólares que transformaram um calçado pesado e um tanto sem-graça
em uma verdadeira arma de fogo contra os adversários. Algumas
foram feitas com exclusividade para os craques, mas já podem ser encontradas no mercado.

A chuteira Wave Cup, o troféu do pequeno Eric, foi criada para o atacante brasileiro Rivaldo e é uma das maiores sensações. Desenvolvida no Centro de Pesquisa da Mizuno em Osaka, no Japão, foi produzida manualmente e tem edição limitada. Por ser confeccionada 100% em couro de canguru, ela proporciona o aumento da sensibilidade do atleta e é mais macia. Além disso, é resistente à água e demora mais tempo para absorvê-la em caso de chuva. Tanta exclusividade custa R$ 900, mas quem quiser comprá-la precisa correr, pois apenas 200 pares estão à venda no Brasil.

Já a Adidas trouxe uma novidade que vai fazer a cabeça dos jogadores da nova geração. É a Predator Mania, utilizada pelo são-paulino Kaká. Ela promete melhorar o suporte dos pés e diminuir a tensão no tendão de Aquiles, reduzindo o risco de lesões. Além disso, possui uma nova disposição das travas, que permite maior estabilidade e tração. O inglês David Beckham, o espanhol Raúl, o francês Zidane e o italiano Del Piero são outras estrelas do futebol mundial que também usaram a Predator nesta Copa. Ela pode ser encontrada no Brasil por R$ 400.

Os brasileiros Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e Denílson não ficaram atrás. A Nike produziu, para cada um deles, um modelo personalizado da Mercurial Vapor (R$ 409), a mais leve já fabricada pela empresa (198 gramas, ou duas xícaras de farinha de trigo). Ronaldo sugeriu alguns ajustes, como o posicionamento das travas e o tamanho da lingueta. Denílson também aprovou o resultado. “A vantagem da Mercurial Vapor é que, além de confortável, é muito leve. Assim, vou ganhar mais velocidade”, explica. Apesar do pouco peso, a Nike garante que a estabilidade, o conforto e a funcionalidade que um jogador necessita em uma chuteira não serão sacrificados. Por outro lado, o meio-campista Roberto Carlos, patrocinado pela mesma empresa, ganhou um modelo só dele. É a Air Zoom Total 90 II, feita à mão na Itália especialmente para as suas medidas. Pode ser encontrada nas lojas no tamanho padrão.

Não há dúvida de que as novas tecnologias nos calçados acrescentam qualidade às partidas de futebol. Mas será que elas só trazem benefícios? O atacante Roger, do Fluminense, explica: “É muito legal e importante que o material esportivo evolua. Não vejo pontos negativos nas mudanças.”

O jornalista esportivo Orlando Duarte concorda com a opinião do atleta. “O progresso sempre é bom. As chuteiras eram muito duras e pesadas, não deixavam os jogadores se movimentarem. Hoje elas são quase sapatilhas de balé: proporcionam maior conforto e agilidade”, explica o especialista. Os amantes do futebol agradecem.

Serviço:
Mizuno: 0800-557-166
Adidas: 0800-556-277
Nike: 0800-703-6453