26/06/2002 - 10:00
Debaixo de um sol de mais de 30 graus,
o 49º Festival Internacional de Publicidade de Cannes, o mais importante do mundo, refletiu no menor número de peças inscritas a queda no setor de propaganda, como em toda a economia mundial, mas não perdeu o glamour. Durante a última semana, de 16 a 22, Cannes – cidade do sul da França, com apenas 68.680 habitantes, mar à vontade, status de estrela da Riviera Francesa, turistas o ano inteiro, limusines com bombásticas louras cruzando as ruas, porsches brotando em cada esquina do famoso boulevard Croisette (onde fica o Palais), iates e navios de cruzeiros atravessando suas águas azuis e poodles, muitos poodles (porque, afinal, estamos na França) – mais uma vez fez valer o slogan “La vie est un festival”.
O Brasil enfrentou a Inglaterra logo de cara: na categoria de mídia impressa Press & Outdoor (as outras são filmes, mídia, comunicação online e, neste ano, marketing direto), perdeu o prêmio máximo da categoria para a inglesa Saatchi&Saatchi, mas vai trazer 15 leões (da categoria), quatro de ouro, seis de prata e cinco de bronze, enquanto o Reino Unido levou, além do Grand Prix, dois leões de prata e dois de bronze. As agências brasileiras premiadas com o ouro na categoria press&outdoor foram Almap/BBDO, Giovanni/FCB, DPZ e Lew, Lara. Ficaram com o Leão de Prata a DM9, Giovanni, Leo Burnet, Young & Rubicam, TBWA e F/Nazka. Os cinco de bronze foram para a F/Nasca, Thompson, TBWA, DPZ e Almap.
Deu um bafafá light no Palais de Festivals: quando a equipe da Lew Lara abriu a a bandeira brasileira para receber seu Leão de ouro, alguém na platéia gritou “England” e foi saudado com uma impiedosa vaia. O “alguém” era um inglês careca, estilo hooligan, segundo informações do site do jornal especializado Meio&Mensagem. O Grand Prix de outdoor foi para os noruegueses da Leo Burnet. Deu também polêmica entre duas agências brasileiras: a McCann-Erickson divulgou um comunicado declarando estranhamento em relação ao anúncio do produto KY, da Johnson&Johnson, que deu um Leão de Ouro na categoria Press & Outdoor à DPZ. No comunicado, a McCann-Erickson afirma que atende a conta do KY há mais de dois anos.
Na categoria “Media Lions” (projetos desenvolvidos com veículos de comunicação), o Brasil ganhou dois leões (Lew, Lara e McCann). Em marketing direto conseguiu incluir apenas duas peças na short list da categoria. Em compensação, as agências brasileiras conseguiram emplacar 14 filmes na short list, uma espécie de lista de finalistas. É a categoria em que todos os publicitários querem se destacar. “Quem vai ganhar o prêmio maior, o Grand Prix, serão os ingleses ou os americanos”, diz Washington Olivetto, da W/Brasil, dono de uma coleção de 48 leões, que tem três filmes selecionados, assim como a DM9DDB e Leo Burnet. A Almap tem dois, Neogama, Lowe e Giovanni, um cada uma. Os americanos têm 115 e os ingleses, 68. C’est la vie.