16/10/2002 - 10:00
Além de São Paulo, onde o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o deputado José Genoino (PT) duelam para saber quem ocupará o Palácio dos Bandeirantes a partir do próximo ano, tucanos e petistas travam batalhas diretas em outros três Estados. No Ceará, José Airton (PT) se beneficiou da onda Lula e tirou das mãos de Lúcio Alcântara (PSDB) uma vitória dada como certa. Com o apoio de Ciro Gomes e do governador Tasso Jereissati, o tucano era considerado imbatível até a última semana. No Pará, Maria do Carmo (PT) também foi favorecida com a onda Lula nos últimos dias de campanha. Superou o senador Ademir Andrade (PSB) – apoiado por Jader Barbalho – e vai disputar o segundo turno com o tucano Simão Jatene. No Mato Grosso do Sul, quem se deu bem na reta final do primeiro turno foi a candidata do PSDB, Marisa Serrano. Os petistas não imaginavam que o governador Zeca do PT precisasse brigar mais três semanas para tentar permanecer no cargo. “No segundo turno, a situação se inverte. Há poucos dias de campanha e os presidenciáveis não têm como correr os Estados, por isso é muito importante que esses candidatos locais puxem os votos”, afirma Andrea Matarazzo, embaixador do Brasil em Roma, aliado de José Serra.
A briga de tucanos e petistas nos palanques estaduais se estende também aos Estados onde a disputa não se dá entre candidatos dos dois partidos. Em Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB) declarou na segunda-feira 7 que emprestará o palanque para o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Foi a forma encontrada para enfrentar Esperidião Amin (PPB), aliado de Serra. Na Paraíba, Lula também terá o palanque. O peemedebista Roberto Paulino lhe dará espaço para enfrentar o tucano Cássio Cunha Lima. No Rio Grande do Sul, Serra é quem subirá em palanque emprestado. No caso, o do peemedebista Germano Rigotto, que superou Tarso Genro (PT) nas duas últimas semanas, levou a decisão gaúcha para o segundo turno e alavancou a candidatura presidencial tucana no Estado. No QG de Serra, uma visita do candidato ao Estado antes de 27 de outubro é tida como certa. Aliás, Lula também deverá fazer comício em Porto Alegre, um tradicional berço petista. O tucano também terá palanque emprestado no Distrito Federal e em Sergipe. Na capital do Brasil, Serra terá o apoio do governador Joaquim Roriz (PMDB) e Lula conta com o petista Geraldo Magela, outra surpresa de reta final no primeiro turno. Em Sergipe, o deputado José Eduardo Dutra (PT) surpreendeu e obrigou o governador João Alves (PFL) a ir para o segundo turno. “Agora chegou a vez de retribuir a onda Lula e pedir votos para nosso presidente”, afirma o petista.
No Rio Grande do Norte, tanto Lula como Serra terão palanques emprestados. Vilma Faria (PSB) pedirá votos para o PT e Fernando Freire (PPB) para os tucanos.
Serra terá dificuldades no Paraná, pois tanto Álvaro Dias (PDT) como Roberto Requião (PMDB), que disputam o governo do Estado, não nutrem simpatias pela candidatura tucana. No Amapá, Serra também não terá palanque. Waldez Góes
(PDT) e Dalva Figueiredo (PT) travarão uma disputa voto a voto e ambos apostam em Lula. Em compensação, o petista poderá ter dificuldades em Rondônia e em Roraima.
Em Rondônia, o tucano Ivo Cassol vai disputar com o pefelista José Bianco. E, em Roraima, o velho cacique Ottomar Pinto (PTB) conseguiu passar para o segundo turno e vai enfrentar Flamarion Portela (PSL). Os petistas ainda esperam contar com a adesão de Portela.
Na mosca
Nessa eleição, o instituto de pesquisas Toledo&Associados trabalhou no levantamento das intenções de voto em alguns Estados. Ao longo da disputa, os resultados verificados pela Toledo foram divulgados em ISTOÉ. Terminado o primeiro turno, constata-se que a metodologia empregada pela Toledo é vitoriosa.
Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do País, há dez dias da eleição, enquanto os demais institutos davam como praticamente certo o segundo turno envolvendo o tucano Geraldo Alckmin e Paulo Maluf (PPB), a pesquisa da Toledo já indicava a ascendência do petista José Genoino. Foi com base nesses números que, na última edição, ISTOÉ mostrou a possibilidade real de Maluf estar fora da disputa. Terminada a apuração, a tendência revelada pela pesquisa
se confirmou. No Pará, a dez dias do primeiro turno, a Toledo antecipou que a petista Maria do Carmo iria para o segundo turno contra o governador Simão Jatene. O mesmo ocorreu em Sergipe, com a ascensão do deputado José Eduardo Dutra (PT). A Toledo constatou ainda a inversão de posições entre os candidatos Ivo Cassol e José Bianco, em Rondônia, e a subida do velho cacique Ottomar Pinto, em Roraima, bem como a surpreendente ida de Cássio Cunha Lima, na Paraíba, para o segundo turno. Na pesquisa nacional, Toledo foi quem mais se aproximou da votação obtida por Lula.
“Só aceitamos fazer pesquisa domiciliar probabilística. Isso significa que todas as cidades do Brasil por extrato de população têm a mesma chance de ser sorteadas”, diz o sociólogo Francisco José de Toledo, diretor geral do instituto. “Trata-se de um método bem mais demorado, mas que é muito mais preciso.”