Em seu cotidiano tão espartano quanto a vida na caserna, o capitão Pantaleão Pantoja (Salvador del Solar) não encontra vontade nem tempo para os vícios comuns. Nem sequer desvia o olhar viril do corpo da sua mulher, Pochita (Mónica Sánchez), esposa dedicada e atrevida nos seus inocentes jogos eróticos. Pantaleão dá a impressão de amar mais ao Exército peruano do que a si próprio. Por tais motivos, devidamente perscrutados e estudados, seus superiores o escalam para uma missão pouco convencional. Ele deve se embrenhar na selva amazônica, onde os pelotões cuidam das fronteiras, com a determinação de aquietar os soldados diante da falta de mulheres. Para aplacar tanta testosterona, é preciso arranjar sexo pago, evidentemente providenciado pelo comportado capitão, que ainda terá pela frente o delicioso incômodo da boca carnuda da Colombiana (Angie Cepeda).

Quem leu ou não o livro do peruano Mario Vargas Llosa vai se divertir do mesmo jeito com Pantaleão e as visitadoras (Pantaleon y las visitadoras, Peru, 1999), em cartaz no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília a partir da sexta-feira 21. Assim como no romance homônimo, a primeira parte do filme é toda comédia. Não há como não rir do medo e desejo de Pantaleão recrutando prostitutas e tratando a missão com o mesmo segredo, empenho e termos de um plano militar. O diretor Francisco J. Lombardi também foi muito feliz na realização e na passagem da comédia para o drama de uma história contada com inteligência e sutileza, mesmo quando a tela inteira é tomada por bumbuns oferecidos.