Antes da banda inglesa New Order se transformar na rainha das pistas nos anos 80 e, na mesma década, virar a expressão da chatice, seus integrantes formavam um outro grupo, o Joy Division, que só terminou porque o vocalista Ian Curtis seguiu seu rumo. Um rumo mórbido, característico de muitos ídolos do rock que enxergam na morte precoce a redenção. Curtis se enforcou em 18 de maio de 1980, aos 23 anos, dois meses antes do lançamento do álbum Closer – um marco na história recente do rock – e apenas dois anos depois do surgimento da banda.

Em parte pelo fim do grupo e em muito por seu trabalho elaborado com antecipadas experimentações eletrônicas e uma colagem de elementos musicais tirados dos Doors e do Velvet Underground, a banda foi tardiamente mitificada, tornando-se um símbolo da década que anunciou o fim da expressividade do rock. Para rever ou conhecer uma fatia da produção do Joy Division e a melhor fase do New Order, a Zomba Records acaba de lançar no Brasil dois CDs produzidos pelo selo alternativo inglês Strange Fruit: Joy Division – the complete BBC recordings e New Order – BBC Radio 1 live in concert, que traz a gravação de um show de 1987. No CD do Joy Division há até uma entrevista de três minutos com Curtis e o baterista Stephen Morris. Num disco, a vida em ritmo cavernoso, no outro, o prenúncio da alegria química dos anos 90.