19/06/2002 - 10:00
A organização terrorista al-Qaeda já tem um novo alvo americano na sua mira. É o desbocado rapper branco Eminem, nascido Marshall Matthers III, 29 anos, que estaria sendo ameaçado de morte depois de ter parodiado Osama Bin Laden no clipe da música Without me, carro-chefe de seu mais recente álbum The Eminem show. O saudita não foi a única “celebridade” a ser atingida pela língua suja de Eminem, atual primeira estrela planetária do rap, com uma bagagem de 30 milhões de discos vendidos em seis anos de carreira. Nas 20 faixas do CD que subiu direto para o primeiro posto da revista Billboard, marcando 1,3 milhão de cópias vendidas, sobram farpas para todos os lados: o presidente George Bush, a mulher de seu vice, Lynne Cheney, os companheiros de profissão Prince, Michael Jackson, Marilyn Manson, Limp Bizkit, Moby – chamado de gay velho e careca – e até o falecido Elvis Presley.
O rei do rock é citado em Without me, quando Eminem afirma que criou um monstro – “a pior coisa desde Elvis” – com o intuito de usar a música negra para enriquecer. Mas, mesmo disparando palavrões e gírias em espiral, o rapper imprime talento nas suas letras caudalosas, que atingem em cheio as mazelas do governo Bush. Na assustadora White America, crivada de assobios de mísseis, ele vocifera como um pastor apocalíptico que veio “para liderar a marcha até as escadarias do Congresso/e mijar nos gramados da Casa Branca”. Mais adiante, em Square dance, critica a política guerreira americana, enquanto sons de metralhadora cortam a batida seca e repetitiva do rap.
Criticado por ser homofóbico, desta vez Eminem amenizou os ataques aos gays. Em compensação, sua misoginia continua a todo vapor. Só mesmo a filha Hailie Jade, que participa da faixa My dad’s gone crazy, é poupada de tanta ignomínia em relação ao sexo oposto. Para se ter uma idéia, até sua mãe, Debbie, que no passado o processou por difamação, é merecedora de um adjetivo nada carinhoso. Existe, no entanto, um consolo. Além de refrões pegajosos, como o que injeta uma levada funk no clássico tema de Batman, algumas músicas trazem participações de peso, entre elas a do guitarrista Joe Perry, da banda hard rock Aerosmith, presente em Sing for the moment. Com sua mistura sonora de alta voltagem, The Eminem show acaba sendo um ótimo disco de rap. Acredite se quiser.
