No último final de semana, a cidade de Barcelona, na Espanha, serviu de altar para mais um casamento histórico. Nada de família real, princesas, nem chefes de Estado. A cerimônia, que custou aproximadamente três milhões de euros, celebrava a união entre a música eletrônica e a arte de vanguarda. Na 11ª edição do Sónar, Festival Internacional de Música Avançada e Arte Multimídia, que aconteceu entre os dias 17 e 19 de junho, cerca de 85 mil pessoas foram conferir o que há de melhor e mais moderno em termos de e-music e cultura clubber. O evento, o mais badalado da cena eletrônica européia, ganhará, pela primeira vez, uma edição no Brasil. Durante os dias 9, 10 e 11 de setembro, em São Paulo, os brasileiros poderão desfrutar do som dos melhores DJs do mundo e conhecer a real cultura da chamada “e-geração”.

“Como na versão européia, serão três dias e três noites de pura ferveção”, adianta Enrique Palau, um dos criadores do Sónar. “Os lugares escolhidos para as atividades foram o Teatro Abril, Instituto Tomie Ohtake e o Credicard Hall”, completa o produtor. Como não poderia deixar de ser, no Brasil o patrocinador oficial do festival dará nome ao evento. Assim, prepare-se para ouvir falar não de Sónar Brasil, mas de Nokia Trends Sónar Sound SP.

Para o produtor cultural Luiz Mattos, 26 anos, que veio a Barcelona só para ver o Sónar, esse pode ser o momento da guinada que faltava para a cena eletrônica do Brasil. “Agora teremos um festival como os que a Europa faz há mais de dez anos. Isso ajudará o mercado de discos a sair da estagnação e tornará a música eletrônica algo mais palatável”, diz. Mattos é fã do chamado techno minimal do DJ chileno Ricardo Villalobos, sucesso deste Sónar e presença confirmada na versão Nokia Trends. “Ele faz uma mixagem sofisticada, usando microfragmentos de techno e outras interferências. É tão suave que nem parece techno”, completa. De fato, assim como os DJs brasileiros Patife, Marky e XRS fizeram com o drum’n’bass, Villalobos e seu guru Richie Hawtin suavizaram o techno, transformando um ritmo pesado em suaves e sofisticadas melodias.

Villalobos, um chileno de 33 anos, que vive há 30 na Alemanha, acredita que o Brasil e a música eletrônica têm muito em comum. “Senti que queria trabalhar com isso aos 12 anos, no Rio de Janeiro, quando ouvi a percussão do samba. Os europeus podem ter a cultura dos clubs mais arraigada, mas nós, latinos, temos o ritmo dentro da gente”, define. Mostra do que esse suingue pode fazer deu o brasileiro DJ Patife, que levou o público espanhol à loucura e deve tocar no Sónar SP. Além de Patife, tocaram em Barcelona os brasileiros DJ Marlboro, Nego Moçambique e o coletivo Instituto. Uma das coisas mais interessantes desse festival – que terá também, ainda este ano, edições em Roma, Hamburgo e Guadalajara – está mesmo no seu entorno. Transcender as pistas de dança com cinema, artes gráficas e o que há de mais up to date na arte multimídia é o que promete o Nokia Trends.