30/06/2004 - 10:00
Os sete afluentes do rio Ota (Teatro Hilton, São Paulo) – São cinco horas de uma peça dividida em sete atos. Não se assuste. O texto do canadense Robert Lepage e do grupo Ex-Machina – com tradução e direção primorosas de Monique Gardenberg e Michele Matalon –, o cenário de Hélio Eichbauer, minimalista no sentido mais profundo do termo, a impecável trilha sonora de Zé Nogueira e o elenco em estado de graça não deixam no ar nenhuma possibilidade de cansaço ou enfado. Trata-se de um épico que atravessa toda a metade do século XX, numa jornada reflexiva sobre as contradições do homem, provocador de assassinatos em massa, como os episódios da bomba de Hiroshima e do holocausto. Mas o espetáculo, que reestréia na capital paulista, depois de uma curta temporada, também tem muito humor. É uma obra reveladora, inteligente, irônica, cômica e tocante. (Apoenan Rodrigues)