30/06/2004 - 10:00
Um novo objeto do desejo
Com a morte do ex-governador Leonel Brizola, seu partido, o PDT, virou a menina dos olhos da política. Em tempos de reforma político-partidária, uma agremiação que já cumpriu todas as exigências atuais e futuras da legislação vale bastante no mercado dos políticos. O secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, está com todos os seus sentidos voltados para o PDT. Hoje, Garotinho é considerado um dos principais herdeiros do trabalhismo no país. Com a legenda nas mãos, pode deslanchar a sua campanha presidencial. A cúpula do PMDB sabe disso, e já dá como certo o desembarque de Garotinho após as eleições municipais. Mas o ministro Ciro Gomes, em guerra com seu partido, o PPS, está sendo insuflado pelo Planalto para também tomar o PDT. E o tutor político de Ciro, Tasso Jereissati (PSDB-CE), também está de olho. Lembrou que seu pai, Carlos Jereissati, contribuiu para o sustento de Brizola no exílio. Agora, troca figurinhas com o cacique baiano ACM e com o presidente do Senado, José Sarney, com o projeto de, juntos, desembarcarem todos na velha legenda trabalhista.
Não façam o que faço
Diretor financeiro do PT, Delúbio Soares comprou cinco mil micros direto da representante da Microsoft em Brasília,
com o pacote de softwares Windows, ao contrário do que
prega o PT. Saiu a R$ 3,5 mil cada máquina. No mercado,
se tivesse optado pelo software livre Linux, cada computador sairia por apenas R$ 2 mil.
Ditadura 1
Na Assembléia da Bahia quase 600 projetos de lei estão engavetados há nove anos. A fila não anda porque a bancada governista só vota projetos de interesse do governador Paulo Souto (PFL) ou de “utilidade pública”. O líder da oposição, Álvaro Gomes, conseguiu liminar na Justiça para destravar a fila, mas a decisão não obriga os governistas a votar.
Ditadura 2
“Atitude de ditador de republiqueta”, disse Tasso Jereissati sobre Lula, no episódio da expulsão do jornalista do New York Times. Mas, quando encontrou no Senado o jornalista José Alberto Pinto Bardawil, dono da TV União do Ceará, que conversava com o senador Tião Viena (PT), explodiu: “Esse rapaz não pode ficar no Senado. É um mau caráter chantageador.” Bardawil tinha apenas colocado no ar uma reportagem contra o cacique.
Em baixa
Sinal vermelho no PT para o governador petista do Piauí, Wellington Dias.
O Palácio do Planalto está tiririca com sua administração. E com o fato de a oposicionista Adalgisa Soares, mulher do senador Mão Santa (PMDB), ser a preferida nas pesquisas para a prefeitura.
Rápidas
• O presidente Lula informou ao ex-poderosíssimo José Dirceu: ele voltará a ter muito, mas muito poder. Só que fora do governo. Dirceu deve voltar à Câmara e concorrer à Presidência da Casa..
• Quanto ao presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT), está em alta no Palácio com a aprovação do salário mínimo. Na reforma ministerial após as eleições, deve assumir a Casa Civil, no lugar de Dirceu. Mas tem que fazer as pazes com Aldo Rebelo.
• José Dirceu estava convidado para a comitiva de Lula aos EUA. Mas Palocci pediu ao presidente que o colega não fosse. Seria um sinal ruim para os investidores americanos. Coube ao próprio Lula “desconvidar” o seu ministro mais próximo.
• Levantamento da Casa Civil no Siafi: coube à bancada do PCdoB, do ministro Aldo Rebelo, a maior taxa porcentual de liberações de emendas do Orçamento às vésperas da votação do mínimo. Cerca de R$ 5 milhões para oito deputados.
• O presidente ficou muito, muito irritado na segunda-feira com uma entrevista da líder do PT no Senado, Ideli Salvati, atacando sutilmente o ministro Aldo Rebelo. Acha que cabe ao PT parar com a encrenca.