18/09/2002 - 10:00
Show
Buddy Guy (Rio de Janeiro, ATL Hall, dia 20; São Paulo, Credicard Hall, 21 e 22) – Depois das guitarras do sofisticado Robert Cray e do roqueiro Jeff Healey, o projeto Visa Sounds traz ao Brasil um dos pilares do blues elétrico. Assim como a música que ama, Buddy Guy nasceu na zona rural, no estado americano de Louisiana, e foi seguindo para o norte até alcançar a cidade grande, Chicago, na metade dos anos 50. Neste meio século, o guitarrista – e o próprio blues – alternou fases de sucesso e de esquecimento até a consagração, na década de 80, quando veio ao Brasil pela primeira vez. Aos 65 anos, o parceiro do falecido gaitista Junior Wells volta para apresentar seu mais recente álbum, Sweet tea, gravado no Mississippi com instrumentos e tecnologia vintage. Animado com o resultado, o bluesman que é proprietário do Legends, ponto de encontro de músicos em Chicago, promete apresentações de arrepiar. (Luiz Chagas) Não perca
Kalusha, de Bruno Cattoni (7 Letras, 118 págs., R$ 16) — Em seu quarto livro, o jornalista e escritor Bruno Cattoni conta a saga de uma princesa africana sob a forma de poemas. Ela é Kalusha – que em sânscrito quer dizer aquela que não pode ser domada –, espécie de Sherazade negra, transformada numa escrava que supera as ameaças de morte, usando a nobreza, a beleza e a força interior. É uma obra permeada pela ternura e por impossibilidades, numa linguagem às vezes crua. Nesta costura aparentemente anacrônica, Cattoni faz um belo tributo às liberdades individuais e coletivas. Leia sem parar
Abba – the definitive collection (Universal Music) – Apesar de guardar no currículo a respeitável cifra de 280 milhões de álbuns vendidos, o grupo sueco nascido em 1972 foi sempre considerado brega para quem gostava de rock nos anos 70 e 80. Acontece que, com a onda retrô revigorada no início da década de 90, todos os modernos começaram a achar o máximo alternar o som do bate-estaca tecno com as canções pop, extremamente dançáveis, do Abba. Assim, hoje não há festa ou clube menos radical que não toque Dancing queen, Take a chance on me ou Mamma mia, que até virou tema de musical em homenagem à banda, no West End londrino. Para aproveitar o interesse em torno do conjunto, está sendo lançado este CD duplo com todos os hits massificados em dez anos de carreira. É diversão, é brega, é Abba. (Apoenan Rodrigues) Ouça com atenção
Obra aberta (no canal pago TV Cultura e Arte, sexta-feira 20, às 22h) – A série de dez programas focalizando grandes nomes da cultura nacional através de um diálogo reflexivo sobre seus trabalhos traz em sua segunda edição o escritor Machado de Assis. Sua obra é comentada pelo crítico literário Roberto Schwarz, em entrevista ao músico e professor José Miguel Wisnik. Para o crítico, Machado viveu duas fases distintas: pré e pós-publicação do romance Memórias póstumas de Brás Cubas. “Começou a escrever olhando a sociedade brasileira do final do século XIX de baixo para cima e terminou na posição inversa”, analisa Schwarz. O terceiro programa – previsto para ir ao ar no dia 27 – focalizará o pintor Alfredo Volpi na visão da artista plástica Maria Bonomi, entrevistada pelo crítico Olívio Tavares de Araújo. Obra aberta é ideal para quem não aguenta mais a vacuidade dos talk shows. (Luiz Chagas) Assista até o fim