ISTOÉ 124, que foi às bancas em maio de 1979, trazia como chamada de capa As origens da violência carioca. Para produzir as quase 20 páginas da matéria, o lendário jornalista Octávio Ribeiro, um dos melhores repórteres policiais que o Brasil já conheceu, visitou delegacias, entrou em presídios e subiu morros. Apesar de não existirem fuzis AR15 nem balas perdidas, a empreitada era considerada, na época, bastante arriscada. Depois de entrevistar secretários de Justiça, juízes, advogados, policiais, ex-policiais, assaltantes e traficantes, Octávio escreveu que, “se não houver uma enérgica e inteligente providência das autoridades deste país, futuramente o Rio de Janeiro poderá ser considerada a cidade mais violenta do mundo”. O premiado Octávio Ribeiro morreu de causas naturais em julho de 1986, aos 54 anos.

Hoje, 23 anos depois de publicada aquela reportagem, ISTOÉ fala do Rio de Janeiro e de Tim Lopes, outro premiado repórter que, ao lado de Octávio Ribeiro, está entre os melhores jornalistas brasileiros. Eliane Lobato, no texto à pág. 30, nos mostra como o carioca convive com o medo gerado por uma absurda e crescente violência, como previu Octávio. E vemos traficantes, como os entrevistados há mais de 20 anos por ele, hoje fortalecidos e donos de um poderoso e cruel Estado paralelo. Um Estado no qual, com o incentivo da impunidade, todos os limites foram transpostos. Um Estado sem tabus e com poderes de prender, julgar e executar barbaramente. O que, segundo informantes da polícia carioca, aconteceu com Tim Lopes, o repórter da TV Globo.