13/06/2002 - 10:00
Um acessório tão versátil que cai bem tanto com as roupas leves próprias do verão quanto com os trajes mais sóbrios usados no inverno. Assim são as bolsas com aplicação de fuxico – pequenas trouxinhas feitas com sobras de pano. E, apesar de o recurso ser do tempo da vovó, as peças artesanais e multicoloridas nunca foram tão atuais. “O segredo está no capricho do acabamento e na mistura de texturas”, ensina a figurinista Sandra Léa Fukelmann, 41 anos, dona da grife Doll, de São Paulo. Os produtos são montados com tecidos leves como o náilon e a malha, nobres como a seda e vistosos como brocados e paetês.
Uma variação do uso de retalhos que também faz sucesso são as bolsas tipo estofado de caminhoneiro. Sandra descobriu o fuxico e a técnica conhecida dos motoristas há dois anos, ao ministrar oficinas de acessórios de moda no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), de São Paulo. A figurinista não se lembra de ter visto a mãe ou a avó trabalhando com retalhos, como aconteceu com Telma Magalhães Silva, uma das sócias da Fuchic, de Belo Horizonte. Ela aplica o fuxico em vestidos, blusas, tops, colchas e almofadas.
A microempresária mineira também ressalta a importância do acabamento ao explicar como pequenos pedaços de pano se transformam em detalhes originais. “É simples. Eu, por exemplo, uso uma bolacha de chope como molde. É só cortar a rodela de tecido e franzir a borda, fechando a trouxinha”, explica ela. Para o designer Zé Teixeira, da grife Controvérsia, de São Paulo, a técnica segue a tendência de volta às raízes. “O fuxico me chamou a atenção depois de uma viagem ao Nordeste. Acho que tem cara de Brasil, é alegre e cada peça é única”, diz o designer. Ele conta que o fuxico surgiu no interior como alternativa para aqueles que não podiam comprar tecidos. “Para quem faz em casa, o custo é pequeno, já que a matéria-prima são retalhos”, contabiliza Zé Teixeira.
Também é preciso muita paciência e tempo para a feitura desses produtos que chegam a juntar de 200 a 300 trouxinhas. Por isso, os preços das bolsas variam de R$ 20 a R$ 200. A mineira Telma achou um jeito de baratear a produção e ao mesmo tempo contribuir para a recuperação de presos de uma penitenciária próxima de sua cidade. “Temos 30 homens e dez mulheres que treinamos para este trabalho manual. É uma excelente parceria tanto para eles quanto para mim”, conta ela. Em São Paulo, as bolsas Doll podem ser encontradas no Mercado Mundo Mix, feira itinerante de moda, artesanato e cultura. Excepcionalmente, em junho a exposição será nos dias 8 e 9 no Parque Antarctica, na Barra Funda. Os produtos da Drosófila e da Fuchic são distribuídos por lojas em todo o Brasil.