13/06/2002 - 10:00
Arthur de Mattos Casas é arquiteto. O sobrenome de origem catalã, herdado do pintor e desenhista Ramon Casas, do grupo Os Quatro Gatos, já diz tudo. A ponto de muitas pessoas acharem que é nome artístico, ou simplesmente a razão social de sua empresa. Ele tem 40 anos e durante duas décadas criou espaços que abrigam poderosos. Descrito por publicações como The New York Times e Interiors Magazine como um dos maiores designers da atualidade, tem um estilo minimalista e atual. Decora residências, sim, mas é famoso por grandes projetos comerciais. Criou, por exemplo, o Hotel Emiliano, em São Paulo o único seis-estrelas do Brasil, com diárias de
US$ 600 e o glamour de ser parada obrigatória de Gisele Bündchen e Caetano Veloso. Mais de uma dezena de restaurantes e bares badalados levam a sua marca. Conhece muita gente do mundo da moda, como Reinaldo Lourenço e Alexandre Herchcovitch, para quem projetou lojas. E até redes comerciais como a de calçados Arezzo, com 150 butiques em madeira, paredes brancas e cromados, levam seu traço.
Neste momento, está ocupado desenvolvendo um bar para o milionário americano Donald Trump. Há três anos mantém um estúdio em Nova York, em sociedade com o escritório de arquitetura Owen & Mandolfo. O World Bar, situado no térreo de um edifício de 100 andares pertencente ao magnata, terá móveis feitos no Brasil e detalhes em ouro. O projeto de Casas deixou para trás os de banbanbans do design americano, como
Elie Tahari e David Rockwell. “Meu projeto era melhor”, afirma ele,
sem falsa modéstia.
No Brasil, Casas frequenta a turma das artes, da moda e da decoração. Está sempre presente às principais festas de São Paulo, acompanhado da bela namorada, uma arquiteta que trabalha em seu escritório. “Acordo às 6h, faço ginástica e vou para o escritório. Depois de tudo isso, vou fazer o quê? Dormir?”, questiona, com ar de deboche. Por isso, criou o Rubi, um “night club intimista”, com apenas 12 mesas e um pequeno palco, próprio para receber um público de 30 a 40 anos, disposto a ver e ser visto, mas sem ser perturbado.
Zeloso, Casas visita sempre essa e outras de suas principais obras. No Charlô Bistrô, pertencente ao chef Charlô Whately, que projetou e reformou, ele já tem mesa cativa. No spa do Hotel Emiliano, os funcionários o cumprimentam como a um velho conhecido – afinal, foi dele a idéia de juntar um ofurô e uma piscina de água gelada para relaxar em dias especiais, como o de seu aniversário. “Por causa dessa convivência, muitas vezes torna-se amigo de seus clientes”, relata Daniel Sagahoff, dono do Cantaloup. Tanta dedicação cativa até mesmo pessoas de gênio indomável como o estilista Alexandre Herchcovitch, para quem já projetou lojas em São Paulo, Porto Alegre e Brasília. “Discutimos todas as necessidades da loja, e depois do projeto pronto não mudo nada”,
diz o estilista.