Organização dos Estados Americanos (OEA) divulgará uma pesquisa nos próximos dias, na qual o Brasil ocupa posição de destaque. Infelizmente, nada para se orgulhar e tudo para se envergonhar. O País foi distinguido entre aqueles que mais exportam crianças para prostituição. Para o holandês Marcel Hazeu, que coordenou o trabalho nos Estados da Amazônia, “o tráfico de adolescentes é a realidade da maioria das meninas pobres da Amazônia”. Os repórteres de ISTOÉ Amaury Ribeiro Jr. e André Dusek estiveram na região e visitaram casas noturnas, verdadeiros pardieiros, onde garotas são escravizadas e oferecidas aos clientes. Eles entrevistaram e fotografaram meninas que, aos 16 anos, já são viciadas em álcool e drogas e, por serem consideradas veteranas, são desprezadas pelos cafetões e clientes. Entre as principais causas apontadas para a tragédia estão os altos índices de analfabetismo e de evasão escolar, frutos evidentes da pobreza e da miséria.

Entrevistado pela jornalista Liana Melo para as páginas vermelhas, Ricardo Paes de Barros, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), nos fornece algumas pistas para a raiz do problema. Segundo ele, gasta-se no Brasil muito mais com idosos do que com crianças. O economista, um respeitado especialista em miséria e pobreza, aponta para a incompetência do governo quando diz que “um país que gasta R$ 150 bilhões em programas sociais e a desigualdade não muda, está na hora de auditar estas políticas. É óbvio que elas não estão funcionando”. Isso, mais que um erro, é uma estupidez e uma crueldade, porque envolve e compromete crianças. E até as emas do Palácio da Alvorada sabem que elas são o futuro deste país. .