No que depender de alguns empresários americanos, muito em breve será possível a qualquer cidadão viajar pelo espaço sideral com a mesma facilidade de quem viaja de Nova York a Paris. O grupo de milionários, composto por nomes como Erick Lindbergh, o escritor Arthur C. Clarke e Eugene W. Roddenbery Jr., filho do autor da série de tevê Star Trek, criou o X-Prize, concurso que vai premiar com US$ 10 milhões a empresa privada que elaborar programas de vôo e construir espaçonaves capazes de transportar pessoas a um baixo custo. Batizado de The New Spirit of St. Louis Organization, inspirado na equipe que em 1927 financiou o piloto Charles Lindbergh em sua travessia do Atlântico Norte, num avião chamado Spirit of St. Louis, o grupo estipulou alguns regulamentos para o concurso.

Um deles é que a aeronave deverá alcançar 100 km de altitude – o que caracteriza a viagem suborbital –, levar um piloto e ter espaço para mais dois passageiros. Cerca de 20 equipes de sete países já se inscreveram, mas o grande favorito é o projeto Tier One, patrocinado pelo milionário americano Paul Allen e desenvolvido por Burt Rutan. O carro-chefe do Tier One é a espaçonave SpaceShipOne (SS1) que passará pela prova de fogo na segunda-feira 21, quando subirá ao espaço com a tarefa de alcançar os 100 km de altitude e permancer no mínimo três minutos em gravidade quase zero. Para isso conta com uma nave-mãe – White Knight (Cavaleiro Branco) –, que tem a função de soltar o módulo principal a 15 km de altura.

Depois do passeio suborbital, o SS1 inicia sua reentrada na atmosfera. Nesta fase ele modifica a aerodinâmica das asas com o objetivo de frear a nave durante a descida. Pouco antes de aterrissar, elas voltam à sua posição normal e o SS1 aterrissa suavemente no mesmo local de onde partiu, o deserto de Mojave, na Califórnia, como um avião comum. Para receber o prêmio, o SS1 deverá repetir a façanha duas semanas depois. Na sua primeira tentativa, há cerca de um mês, ele não passou dos 64 km.

Se der certo, será a primeira vez que uma espaçonave totalmente financiada pela iniciativa privada voará fora da atmosfera. Especialistas acreditam que isso abrirá precedentes para que num futuro não muito distante viagens desse tipo se tornem corriqueiras e sejam exploradas por companhias privadas.