Não poderia ser diferente. Reconhecidos por sua vocação tecnológica, Japão e Coréia do Sul convocaram um arsenal eletrônico para a Copa 2002. Em vez das belas modelos, os anfitriões serão humanóides com pouco mais de meio metro de altura. Os robôs Asimo, da Honda Motors, e SDR-3X, da Sony, vão recepcionar os jogadores e serão uma espécie de guia turístico ambulante. Eles têm capacidade para armazenar informações, se conectar à internet e fornecer notícias em tempo real. Devem ajudar os participantes a alugar automóveis e fazer reservas em hotéis e restaurantes. A construção e a reforma dos 21 estádios consumiram US$ 2 bilhões, mas o Sapporo Dome, no Japão, esbanja modernidade. Revestido com gramado artificial para os jogos de beisebol, ele ganhará grama natural nos dias de esporte bretão. A grama foi plantada sobre plataformas móveis que deslizam por baixo das arquibancadas. A manobra de troca é acionada eletronicamente e leva até cinco horas.

Os campos asiáticos também foram preparados para a enxurrada que deve cair sobre os dois países em consequência do fenômeno meteorológico El Niño, que aquece as águas do Pacífico e provoca chuvas nos meses de junho e julho. Para enfrentar raios e trovoadas, os gramados possuem esquema de drenagem para escoar 20 litros de água por minuto. E a terra, de alta porosidade, absorve 15 vezes mais do que os gramados convencionais.

Outra novidade tecnológica foi aplicada à bola oficial. Desenvolvida pela alemã Bayer, a Adidas Fevernova é mais rápida e precisa do que a bola do mundial da França de 1998. Ela pesa 450 gramas, atinge velocidade de 130 quilômetros por hora e é revestida por três camadas, sendo a intermediária composta de microesferas de gás em alta pressão que se comprimem no momento do chute e recuperam a elasticidade instantaneamente, o que, segundo os especialistas, confere uma trajetória mais precisa. Testes com robôs mostraram que um chute forte será 10% mais rápido na Copa de 2002 do que há quatro anos. Quem entende do assunto, como o atacante turco Abdullah Ercan, diz que a nova bola “é péssima, leve como um balão e de difícil controle”. Já o craque inglês David Beckham, que participou dos testes iniciais, afirma que ela é perfeita para passes longos. A reclamação unânime dos atletas é que houve pouco tempo para adaptação. Apenas um mês de treino, em vez dos seis meses habituais.

O figurino dos jogadores também ganhou atenção especial. O Brasil viajou com camisas supermodernas, resultado de dois anos de pesquisa na Nike, que as confeccionou com duas camadas para diminuir o suor dos atletas. O tiro saiu pela culatra. Após os primeiros treinos sob o calor de Kuala Lumpur, na Malásia, vários jogadores arrancaram o forro alegando que a camisa esquentava. Sempre elegante, a equipe italiana estréia a camisa feita com fibras de náilon e lycra. Ela fica colada no corpo e estica quase um metro, segundo a fabricante, o que deve tornar mais evidente aos olhos do árbitro uma eventual falta contra os craques italianos.

Para quem não viajou até o outro lado do mundo, as opções para assistir aos jogos são muitas. A Telesp Celular e a BCP já anunciaram que vão enviar os resultados das partidas pelo telefone celular. Na internet, há duas opções: o site da Rede Globo (www.globo.com), que comprou por US$ 300 milhões os direitos de transmissão, ou a página oficial da Fifa, www.fifaworldcup.com, em que o acesso às imagens custa US$ 19,95. Outros sites farão a cobertura, porém sem exibir imagens dos jogos. Uma alternativa para acompanhar o que acontece no campo são os canais pagos de tevê. Por R$ 140 de assinatura, a Sky oferece a possibilidade de escolher, pelo controle remoto, o melhor ângulo de visão entre as seis câmeras em campo. Definir o ponto de vista também é o atrativo do joguinho Copa do Mundo Fifa 2002, que traz equipes e estádios oficiais da competição para se jogar online, pela internet. Para instalar o game de R$ 90 é preciso ter um computador com processador de 266 MHz e 65 Mbytes de espaço em disco. Quem se cansar dos jogadores de carne e osso pode acompanhar pelo site www.robocup2002.org a sexta edição do campeonato mundial de futebol de robôs, o Robocup. Nesse torneio, não existe perna-de-pau. Ali, a disputa envolve só craques com nervos e coração de silício.