23/06/2004 - 10:00
Moda, burburinho, negócios, caras e bocas tomaram mais uma vez o prédio da Bienal no parque do Ibirapuera em São Paulo. A 17ª edição da São Paulo Fashion Week ini-
ciou a temporada de verão 2004/2005, na terça-feira 16. Enquanto modelos famosos apresentavam as tendências – os homens com conjuntos em tons pastel e paletós de cetim em cores cítricas e as mulheres com vestidos coloridos e cheios de patchwork –, new faces brasileiras desfilavam de jeans e camisetas em um outro canto da cidade, no bairro de Pinheiros. Não se tratava de nenhum evento de moda paralelo à Fashion Week. As garotas participavam de uma seleção promovida pela agência de modelos americana ID, que duas vezes por ano traz uma equipe ao País em busca de novos talentos para serem representados no Exterior.
Embora não houvesse passarela ou platéia no “pocket desfile” da ID, as aspirantes a top – vindas de diferentes partes do Brasil – demonstravam nervosismo. Afinal, as 17 garotas da agência paulista Skin estavam diante do italiano Paolo Zampolli, 34 anos, presidente e proprietário da ID e responsável pela carreira internacional de modelos brasileiras como Ana Hickmann e Daniella Cicarelli, entre outras. Ana, a primeira descoberta nacional de Zampolli, foi pinçada em um casting realizado na agência Mega de São Paulo no final de 1998. Alexandre Corrêa, marido e atual empresário de Ana, credita o sucesso internacional da modelo a Zampolli. “Ele foi um pai para ela. Toda solidez financeira que a Ana tem hoje é fruto de seu trabalho com Paolo”, conta.
A exemplo de Alexandre, outros profissionais da moda – como os estilistas Amir Slama, da Rosa Chá e Sais, e Carlos Miele, da M.Officer – também são só elogios a Zampolli e a seu profissionalismo. Ambos dizem que o italiano, além de gentil, é um ótimo contato no mundo de negócios da moda. “É muito atencioso. Quando cheguei em Nova York, ele me apresentou a pessoas influentes e me deu excelentes orientações”, diz Miele. Apaixonado pelo Brasil, Zampolli abriu uma filial da ID em Camboriú, Santa Catarina, e aproveitou a SPFW para visitar a sede, que já conta
com 50 modelos.
É por essas e outras que agências de modelos de todo o mundo – mesmo as que têm filiais em Nova York – vivem em contato permanente com Zampolli e espremem suas new faces nas peneiras da ID. O processo de escolha de novas apostas é ininterrupto. Diariamente a ID recebe materiais fotográficos de diferentes celeiros de novos talentos. Nas vésperas das visitas de Zampolli às principais capitais da moda – Londres, Paris, Milão e São Paulo, sempre nas semanas de desfiles –, a equipe da ID diz quem merece ser visto pessoalmente nos países de origem. A partir daí, é só correria. Os profissionais vão de um casting para outro e recebem modelos para seleção nos hotéis em que se hospedam. Na Skin, Zampolli contou com a ajuda do booker internacional Morgan McGlone, um simpático neozeolandês que atua no Brasil há dois meses.
Mas apesar dos preparativos, a seleção é rápida. “Em minutos já dá para saber se uma menina tem potencial ou não”, diz Zampolli. A vice-presidente da ID, Kirsten Weaver, que também esteve no Brasil e ajuda a escolher os novos talentos, é ainda mais veloz. “Em 30 segundos percebo se a garota é interessante”, conta. Não é exagero. Foi exatamente assim que aconteceu com as new faces Jessica Haad, Juliana Zandomenico, e com a exótica Lucy Rohden, as três escolhidas da agência Skin. O processo de seleção durou dois dias. No primeiro, as 17 belas garotas tomavam alguns instantes de Zampolli. No segundo e definitivo dia, apenas as seis pré-selecionadas da véspera roubavam outros instantes de Kirsten, sempre equipada com uma indefectível fita métrica.
Durante a rápida conversa que Kirsten mantinha em inglês com as candidatas, o tema invariavelmente era formas do corpo. Enquanto Jessica destacava o fato de ter colocado próteses de silicone “para dar mais curvas ao corpo”, Lucy chamava a atenção com seu quadril naturalmente na medida exata (90 cm). A paulistana Lucy fala um inglês fluente e já participou de algumas campanhas publicitárias. Uma vez aprovada pelas feras da ID, Jessica e Lucy deverão seguir nos próximos dias para Nova York. Pelo visto, as garotas têm um belo futuro pela frente.