23/06/2004 - 10:00
Morreu a reeleição
No meio de tantas desavenças entre os articuladores políticos do governo, a derrota na votação do salário mínimo conseguiu promover pelo menos uma unanimidade. Definitivamente não há mais clima para se recolocar em pauta o projeto de emenda constitucional que autoriza a reeleição do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). É que o cacique não conseguiu um só voto para o governo na votação do mínimo. Seus seguidores no PFL do Maranhão – como a filha, Roseana Sarney, e o colega, Edson Lobão – votaram contra. Assim como outro aliado canino de Sarney no Estado, o peemedebista João Alberto, simplesmente sumiu do plenário e de Brasília. Antes homem de absoluta confiança do governo, o presidente do Senado passou a ser visto agora com desconfiança. Já não vale a pena apoiar sua reeleição. Ainda mais que o líder do PMDB, Renan Calheiros – adversário de Sarney na disputa pelo cargo de presidente do Senado –, lutou abertamente a favor do governo. Dizia-se no Palácio que Renan não seria presidente do Senado por causa do veto de Sarney. Agora, esse veto já nada mais vale.
Adeus, PPS!
Passada a propaganda política gratuita do PPS na tevê,
o presidente Lula já deu adeus ao partido na base parla-
mentar do governo. Está oferecendo a outras agremiações amigas do Palácio, como o PTB, a filiação do ministro Ciro Gomes (foto), do governador Blairo Maggi (Mato Grosso)
e da senadora Patrícia Gomes, entre outros.
Bem-vindo, Blairo!
O PFL está convidando Blairo Maggi para o partido com um argumento inusitado:
ele será vice na chapa presidencial de 2006, encabeçada pelo governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin. Dizem os pefelistas que Alckmin foi quem deu
o sinal verde. Ou seja, o homem está candidatíssimo. Para desespero de seu co-
lega de partido José Serra.
Pressão contra os R$ 260
Preparando-se para a nova votação do salário mínimo, o
vice-líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia, informou à Exe-
cutiva que pedirá intervenção no Diretório de Brasília, caso o deputado Paulo Octávio (PFL-DF) (foto) se negue novamente a votar contra o governo. Na primeira vez que o assunto foi votado naquela Casa, Paulo Octávio sumiu do plenário. “Ele viajou a pedido do governo”, denunciou Maia.
Agência de empregos
Dois executivos do mercado financeiro foram procurados por uma empresa de gestão de recursos do Rio de Janeiro com propostas para integrarem a direção financeira de fundos de pensão de estatais. Ao chegarem ao escritório da em-
presa, na avenida das Américas, foram recebidos pelo ex-ministro collorido Pedro Paulo Leoni Ramos.
Rápidas
• A origem de toda a encrenca entre José Dirceu e Aldo Rebelo é uma só: cargos.
O PT concluiu que Aldo é a ponta-de-lança dos partidos aliados para ocuparem
o espaço de petistas no governo.
• Primeiro resultado da derrota do mínimo no Congresso. Os partidos aliados já estão cobrando do Palácio a demissão de todos aqueles que foram indicados para cargos de confiança pelos senadores do PT e votaram contra o governo.
• Renan Calheiros surpreendeu o Palácio do Planalto: pediu que não sejam afastados os indicados por José Sarney. Acha que, com isso, o governo terá como manter enquadrado o presidente do Senado, abrindo mão do projeto de reeleição.
• José Dirceu jura que ajudou Aldo Rebelo na votação da emenda do mínimo. Disse que procurou José Sarney, Roseana Sarney, Antônio Carlos Magalhães, Eduardo Siqueira Campos, João Alberto… O problema é que nenhum deles votou com o governo.
• Líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante se exime de culpa: “Bastou eu ficar duas semanas afastado, por causa de uma cirurgia na vesícula, e tudo se desarticulou. Não deu para virar o jogo.”