A milionária guerra travada com golpes abaixo da linha da cintura envolvendo o controle da Telemig Celular e da Tele Norte Celular, empresas que, apesar da crise generalizada no setor, se encontram entre as poucas operadoras de telefonia com alta rentabilidade, virou caso de polícia. No início de maio, o juiz João Carlos da Rocha Mattos, da 4ª Vara Federal Criminal, determinou ao superintendente da Polícia Federal de São Paulo, Ariovaldo Peixoto dos Anjos, a abertura de inquérito para investigar a briga. A decisão foi tomada com base em reportagens divulgadas pela revista ISTOÉ Dinheiro revelando os bastidores que colocam em campos opostos os acionistas das teles. A disputa é de gente grande. De um lado está o grupo canadense TIW em parceria com o empresário Nelson Tanure. Do outro está Daniel Dantas, do Opportunity. E no meio dessa briga encontram-se os fundos de pensão.

Quando as duas empresas foram privatizadas em 1998, os canadenses ficaram com 49% da holding constituída para a disputa. Dantas e os fundos de pensão formaram os outros 51%. Até 2000, os fundos de pensão e o Opportunity sempre votaram em conjunto, o que garantiu a estabilidade da gestão das empresas. O problema é que os canadenses resolveram ter maior participação na gestão das empresas e firmaram a parceria com Tanure. A baixaria teve início. A disputa caminhou para a espionagem e grampos telefônicos ilegais. Agora, o resultado de toda a arapongagem será remetido à Polícia Federal. Caberá aos delegados investigar o que de fato existe nesses bastidores e descobrir se em algum momento da disputa houve crime contra o sistema financeiro nacional.